Amândio Melo, candidato independente apoiado pelo PSD/MPT, e Luís António Almeida, eleito pelo mesmo movimento, passaram a ser vereadores a meio tempo no Município de Belmonte.
O presidente da Câmara de Belmonte anunciou na última reunião do executivo a redistribuição de pelouros. Esta reorganização, que inclui a atribuição de pelouros à oposição, foi aprovada por unanimidade.
Amândio Melo, candidato independente apoiado pelo PSD/MPT, e Luís António Almeida, eleito pelo mesmo movimento, passaram a ser vereadores a meio tempo. «A disputa eleitoral acabou e o povo já escolheu, agora queremos trabalhar na defesa das nossas populações e no desenvolvimento do concelho», justificou António Dias Rocha a O INTERIOR. Questionado sobre se esta é uma estratégia para eliminar a oposição, o autarca afirma que «isso não faz qualquer sentindo», adiantando que se trata de «duas pessoas com bastante experiência autárquica e que em boa hora aceitam o desafio que lhes propus». Para o edil esta decisão «não é nada de anormal» e mostra «a maneira séria como estamos a enfrentar os problemas que a Câmara vai atravessando no dia-a-dia».
Antónia Dias Rocha diz-se ainda «convicto» que esta redistribuição de pelouros irá permitir que o executivo seja «mais útil à população, e com certeza vamos criar melhores condições de diálogo entre nós». Devido à «experiência» que adquiriu ao longo «de muito anos» como autarca, Amândio Melo explicou que «não podia ficar de fora e recusar-me a participar». A proposta de Dias Rocha foi vista pelo vereador como um forma de «juntar esforços, conhecimentos e experiências adquiridas e vividas neste município», tendo recordado que foi eleito como independente «e por isso não tenho qualquer compromisso com nenhuma força política, mas sim com as populações do concelho».
António Dias Rocha acredita que a colaboração entre antigos adversários resultará «num trabalho positivo e construtivo», uma ideia também partilhada por Amândio Melo, que recorda que Dias Rocha foi eleito «com maioria, e que nem precisava de recorrer aos vereadores da oposição». A nova distribuição de pelouros ditou que Amândio Melo fica responsável pela gestão e direcção dos recursos humanos dos serviços municipais, parques, jardins, limpeza, manutenção das redes viárias, gestão do património cultural e turístico e educação. Por sua vez Luís António Almeida assume a pasta da relação com entidades ligadas à justiça e pela ligação com colectividades e associações. Já António Dias Rocha tem a coordenação geral, planeamento estratégico, gestão financeira, obras públicas, desenvolvimento económico e acção social, turismo, desporto, fundos comunitários e actividades económicas, reabilitação urbana, urbanismo, habitação e saúde e licenciamentos particulares.
António Manuel Rodrigues, também vice-presidente, tem os pelouros da segurança e protecção civil, contra-ordenações, gestão de infraestruturas municipais, trânsito e transportes e Sofia Fernandes assume os pelouros da juventude e tempos livres, comissão de protecção de crianças e jovens, violência doméstica, reinserção social de jovens e adultos. O despacho da distribuição de tarefas pela vereação refere que as funções de Sofia Fernandes vão ser executadas com carácter de representação institucional.
PSD «surpreendido»
Quem não esperava por este entendimento era Luís d’Elvas. O presidente da concelhia do PSD de Belmonte confessa ter tido conhecimento da notícia com «surpresa total» e que esta é uma questão que «nunca se equacionou», nem durante a campanha eleitoral, pelo que também «não está a ser violado nenhum acordo». Com esta reviravolta, Luís d’Elvas admite que o campo político do PSD «fica menorizado» em Belmonte com o «comprometimento dos vereadores da oposição com a acção do executivo», mas espera, no entanto, «encontrar uma plataforma de entendimento que permita não defraudar as pessoas que acreditaram em nós».
Ana Eugénia Inácio