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Dia Europeu sem Carros não é consensual na Guarda

Falta de alternativas ao uso do automóvel é o principal obstáculo

A Guarda foi um dos 46 concelhos a aderir ao Dia Europeu sem Carros, sob o tema “Ir e vir de outro modo”. Mas por cá, a efeméride comemorou-se entre a primeira e a marcha-atrás porque, se para muitos guardenses este é o dia ideal «para andar mais a pé», outros acreditam que «há pessoas que preferem ficar em casa».

O trânsito esteve encerrado nas ruas centrais da cidade, o que veio dificultar ainda mais a circulação rodoviária na cidade, que, por si, já é «caótica». A falta de alternativas foi o principal problema apontado por quem sentiu maiores transtornos. Ao que parece, ninguém se apercebeu dos autocarros que a autarquia disponibilizou para a ocasião, nem tão pouco notaram os parques de estacionamento alternativos, no Teatro Municipal da Guarda, junto ao mercado municipal ou na zona da feira, entre outros. «Em grandes centros, como Porto e Lisboa, os transportes públicos hoje são gratuitos, aqui não», estranhou uma estudante, para quem a circulação se torna «mais difícil» com o centro da cidade cortado ao trânsito. Na sua opinião, a autarquia não divulgou de forma eficaz as alternativas ao uso do carro. Mas o Dia Europeu sem Carros trouxe sobretudo muita animação para os mais pequenos. A Câmara da Guarda disponibilizou inúmeras actividades, como karts a pedais, insufláveis, acrobacias com bicicletas, animação de rua e a escola de trânsito da Guarda. No Jardim José Lemos, as crianças encontraram diversos ateliers, alguns doces e outras actividades proporcionadas pelo Centro da Natureza.

A responsável pelo projecto, Luduvina Margarido, considera que este dia funciona como «lembrete» para que as pessoas acordem para a «realidade» de «não estarem habituadas a andar a pé». Talvez por isso o Centro da Natureza tenha vindo com um meio de transporte alternativo, a “burrinha” e um cavalo, cada um com a sua carroça (transportes não poluentes) para passear os curiosos pelo centro da cidade. No sentido de proteger o ambiente e alertar as pessoas, a autarquia também ofereceu eco-pontos domésticos para a separação dos resíduos. Este cuidar da Natureza pareceu uma «fantochada» a alguns guardenses. Para Marques Marques, empresário, o dia não se justifica por estas bandas: «Era preferível darem um feriado», aconselha, ao ver as ruas paradas e o comércio sem movimento, tudo por causa da falta de transportes. «Assim, as pessoas preferem ficar em casa em vez de virem a pé», refere. Opinião diferente tem Granja de Sousa, coordenador do serviço municipal de protecção civil, que refere que a adesão a este dia «excedeu as expectativas». A jornada serviu também, de acordo com este responsável, para testar o movimento em ruas que deviam ter apenas um sentido, pois «a circulação automóvel rouba muito espaço aos peões». Foi por isso que Alice Manso, técnica de relações públicas, aproveitou a última quinta-feira para andar a pé «sem a preocupação» dos carros. «Infelizmente, as pessoas são demasiado comodistas, pois, se fosse possível, até entravam com o automóvel nas lojas e serviços», garante.

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