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Dia da criança

Hoje, quando escrevo, é o dia da criança. Já enraizado na sociedade portuguesa, este é o dia em que mais actividades lúdicas e desportivas se promovem em prol do bem-estar da pequenada. È o dia dos adultos atenderem às solicitações e aos interesses dos mais novos. Surge então uma panóplia de propostas que se apresentam às crianças e que são promovidas quer por escolas (agora integradas em agrupamentos), quer por outras instituições que habitualmente entram no jogo das comemorações, Juntas de Freguesia, Autarquias e Associações da mais variada génese. Durante este dia as crianças experimentam novas sensações. Seja em ateliers de artes visuais ou tecnológicas como a pintura e a modelagem de barro, seja no visionamento de filmes ou na participação em pequenas peças teatrais, a pequenada adere e participa, normalmente, com a algazarra própria de quem é jovem e a quem são proporcionadas actividades de que se gosta. A participação é igualmente generosa e significativa quando se trata de actividades lúdico-desportivas, um dos pontos altos da actividade. Através de alguns materiais, arcos, balizas, bolas, andas, e outros, montam-se circuitos e percursos gímnicos que requerem dos pequenos participantes, destreza e agilidade. Por vezes há mesmo actividades que imitam os jogos dos mais velhos como seja o caso do mini-andebol e do futebol de 5. No final e no meio de tanta actividade e de tanta animação, ainda há tempo para umas “sandocas” e uns sumos e para o diploma de participação, que muitas das crianças guardarão com carinho, como recordação de um dia bem passado, de um “monte” de actividades que lhes deram satisfação e que os fizeram cansar mas também sorrir. Todos quantos assistem ao desenvolvimento destas actividades, sejam eles pais, professores ou simples espectadores de ocasião ficam impressionados pela avidez, pela alegria e pelo grau de satisfação com que as crianças participam. Tudo parece encaixar-se numa lógica perfeita de celebração de um dia especial e que a todos diz respeito – uns porque são crianças e outros porque já o foram. Tudo perfeito mas….. Afinal porque gostam tanto as crianças deste dia? Porque é que os jogos e as actividades dos ateliers lhes despertam tanta satisfação? A resposta é curta. Porque é novidade! Porque habitualmente as crianças não têm acesso a essas formas de educação e o seu dia a dia é cinzento. Aliás continua a ser tão cinzento como era nos nossos dias. No dia a dia da escola dos nossos dias não há ateliers nem percursos ou circuitos gímnicos. A expressão fisíco-motora, assim como outras áreas de expressão, embora faça parte do programa do 1º ciclo quase nunca é leccionada. Depois para cúmulo, também não há espaços de prática informal, como havia no meu tempo, perto das residências, à mão de praticar. Onde antes havia casas e ruas hoje só há prédios e estradas.

Será por isso que as actividades promovidas durante o dia da criança têm tanto sucesso? Não quererá isso dizer, antes mais, que há falta dessas actividades ao longo do ano, de uma forma regular e sistemática? Não será o dia da criança um oásis?

Por: Fernando Badana

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