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Dez empresas com dificuldades no distrito de Castelo Branco

Estudo da União de Sindicatos fala em 750 trabalhadores com emprego em risco só no sector têxtil

Só no sector têxtil, entre lanifícios e vestuário, há 10 empresas com «dificuldades visíveis» e 750 trabalhadores com o emprego em risco no distrito de Castelo Branco. De acordo com um levantamento elaborado pela União de Sindicatos, entre Janeiro de 2000 e 27 de Novembro de 2008, encerraram 51 empresas no distrito e perderam-se cerca de 3.800 postos de trabalho.

Na apresentação do estudo, realizada na última quinta-feira, Luís Garra garantiu que existe uma «real quebra na carteira de encomendas» que está «a antecipar férias e a reduzir a laboração nas empresas», havendo uma da área têxtil que «vai recorrer ao “lay off”», bem como o «reaparecimento dos salários em atraso». O coordenador da USCB salientou ainda que a situação é «grave», porque «aprofunda a tendência para a desindustrialização que já atirou milhares de trabalhadores para o desemprego, sobretudo mulheres e jovens, incluindo licenciados e pós-graduados». Segundo o estudo, além do têxtil, os sectores que causam «maior preocupação» são o automóvel e de componentes, construção civil, comércio tradicional e serviços, indústrias eléctricas, metalurgia, restauração, incluindo pequenos bares, restaurantes e cafés. O dirigente realçou que Castelo Branco, à semelhança de outros do interior, é um distrito «deprimido, envelhecido, discriminado e esquecido nas políticas de investimento, nos Orçamentos de Estado e no acesso aos Fundos Estruturais».

E sustentou que a região está a «pagar o erro estratégico» de ter apostado num modelo de crescimento «assente nos baixos salários como forma de atrair investimento estrangeiro». Uma falha «determinante», uma vez que esse modelo «não foi acompanhado por uma reestruturação industrial geral, não se apostou na diversificação, nem se centraram as actividades nas fases dos processos produtivos de mais valor acrescentado», considerou. De resto, «nem tão pouco se deu formação profissional de qualidade, mas apenas se andou a mascarar o desemprego com pseudo-acções de formação profissional». Para inverter este cenário, a USCB propõe a criação de um Plano de Emergência para a Beira Interior, «visando a defesa do aparelho produtivo existente e dos postos de trabalho», bem como a implementação de um Plano Integrado de Desenvolvimento do distrito. O objectivo é dar «prioridade ao investimento nos sistemas produtivos locais, à criação de emprego com direitos, à diversificação das actividades económicas, às micro, pequenas e médias empresas, à qualificação e formação profissional de trabalhadores e empresários e às políticas de inovação, investigação e desenvolvimento».

Ricardo Cordeiro

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