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Desporto Universitário

Há uma semana atrás os media noticiaram com destaque uma afirmação do reitor da Universidade Católica. Segundo Manuel Braga da Cruz, os jovens universitários passam demasiado tempo em bares e na vida nocturna para poderem ter um rendimento aceitável na sua principal ocupação, que é (ou deveria ser), o estudo. O sucesso escolar é assim posto em causa com todos os inconvenientes que tal fenómeno pressupõe. Penso na pertinência desta observação. Aproveito e faço agulha para o meu campo de análise. Neste caso, arrisco dizer que se se apostasse mais no desporto, se se oferecessem aos jovens mais possibilidades de praticar as suas actividades preferidas combater-se-ia a excessiva frequência dos bares e, paralelamente, promover-se-ia uma optimização do rendimento escolar. São conhecidas as influências positivas que o exercício físico regular provoca no aproveitamento escolar. Que o digam as mais prestigiadas instituições de ensino universitário, de Inglaterra ou dos Estados Unidos, que fazem da oferta desportiva uma bandeira da sua excelência no ensino.

Mas voltemos por um instante às ideias do reitor Manuel Braga da Cruz. É que ele, além de identificar um dos graves problemas da nossa sociedade – as pressões a que a indústria da noite sujeita os jovens de hoje –, preconiza também uma solução para esse problema. Para ele, a regulação dos horários está dependente do poder político, subentendendo-se aqui como principais agentes as autarquias e demais órgãos políticos próximos do cidadão. Pego novamente na ideia do reitor. E se se tentasse aplicar o princípio ao desporto e à oferta desportiva? Se as autarquias promovessem mais o associativismo juvenil? Se os apoios não fossem na sua maior fatia para os clubes de futebol sénior? Não seria essa uma forma de apoiar o aparecimento de novos projectos da área do desporto amador? Claro que sim. Só que os dados também neste particular estão viciados à partida. Os clubes que fazem da formação e do desporto amador a sua bandeira são sempre os mais penalizados e os preteridos. As autarquias, por regra, atribuem os subsídios para o desporto mais em função de um retorno político, em votos, do que numa atitude saudável de alimentar a oferta desportiva nas localidades e das populações. É uma espécie de pescadinha de rabo na boca. Não se apoiam, como deveria ser, os projectos desportivos amadores e estes, por reacção, acabam por desaparecer ou definhar. A carolice e a paciência dos responsáveis esgota-se. As pessoas, poucas e quase sempre as mesmas, cansam-se da falta ou da escassez de apoios. Claro que se poderia aqui invocar o Desporto Universitário como o principal garante de oferta desportiva para os jovens do ensino superior. Mas tal seria segmentar e ter uma visão redutora sobre o Desporto e o Jovem. Para se aumentar a oferta desportiva todas as contribuições são poucas. Para mim, é claro que se as politicas fossem outras, que não as actuais (que ao que parece ninguém sabe exactamente quais são), poderíamos ter menos jovens na noite, ou pelo menos menos noites nos jovens, e dessa forma contribuiríamos para uma sociedade mais activa e mais disponível para as aprendizagens, mas também para o trabalho. Mais regulação da actividade dos horários dos bares e das discotecas e mais oferta desportiva seriam assim dois importantes pilares na luta por um melhor aproveitamento escolar, mas também por uma sociedade mais evoluída.

Por: Fernando Badana

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