Como atleta de desporto adaptado, venho por este meio felicitar a Câmara Municipal da Covilhã por se ter lembrado dos atletas com deficiência. As instalações do Complexo Desportivo da Covilhã oferecem as melhores condições ao mais alto nível para todos os atletas (sem e com deficiência).
Certifiquei esta realidade na verificação efectuada pelo Técnico Nacional Manuel Vieira, tendo em vista a realização do Campeonato Nacional de Atletismo 2004 de Desporto Adaptado. Sendo assim, a autarquia merece todo o meu apreço pelo trabalho realizado em prol de todos os atletas. (..) Só tenho a lamentar a falta de sensibilização, apoio e aceitação de clubes locais relativamente aos atletas com deficiência, limitando-os nos seus objectivos desportivos. O interior é o espelho de Portugal nesta matéria. O nosso país é o país da União Europeia com menor número de praticantes de Desporto Adaptado. Há cerca de 9.000 clubes, mas apenas 20 promovem a actividade desportiva aos portadores de deficiência.
É inacreditável, inaceitável, sendo ainda perturbadora a falta de sensibilização e apoio. Os caminhos da integração também se fazem sentir no desporto, ao evoluir como meio de reabilitação para a competição propriamente dita, onde o fundamental é avaliar as suas capacidades e não as suas incapacidades. A dinâmica que envolve a prática do desporto é um meio fértil para a melhoria do equilíbrio das pessoas com deficiência, pois ajuda-as no contacto com o mundo circundante, assim como a desenvolver atitudes, aptidões e procedimentos éticos essenciais para uma boa integração. Tanto mais que a integração destas pessoas na sociedade é um factor que implica vantagens múltiplas, pois vai identificar as desigualdades de oportunidades, a falta de estruturas adequadas, de equipamentos, de materiais e de acessibilidades, revindicações justas para melhorar a qualidade de vida de todos.
Raul Pereira, Covilhã