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Desporto na Guarda

Crónica Política

No momento em que nos encontramos de férias e grande parte das pessoas conseguem desfrutar de merecido lazer;

No contexto de dificuldades em que a autarquia da Guarda anuncia cortes no apoio ao desporto e ás colectividades que promovem as actividades desportivas;

É o momento de fazermos uma pequena reflexão sobre o desporto na Guarda, que a situação ousou denominar “Guarda, Cidade do Desporto”

Quem recorda a Guarda, nas três últimas décadas, mantém a lembrança de equipas de futebol, de basquetebol, de voleibol, de andebol, representativas, mobilizadoras, com presença nacional, factor de orgulho, nomeadamente de quem, no estrangeiro, lê com avidez as notícias da terra…

E hoje? quando se pensa em desporto na guarda, que imagem nos assola de imediato? Duas versões:

Para quem olha o desporto de fora, uma imagem de tristeza pela pouca representatividade do nosso desporto, tirando algumas honrosas excepções, que passa despercebidas, tanto a nível local como, naturalmente, a nível nacional;

Para quem vive o desporto por dentro, a imagem de uma permanente batalha sem tréguas de quem tenta desesperadamente não deixar morrer projectos, com histórias relevantes e que constituem factores fundamentais para o desenvolvimento desportivo local.

Está bem patente no artigo 5.º da Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto, nos princípios da coordenação, da descentralização e da colaboração,

O Estado, as Regiões Autónomas e as Autarquias Locais articulam e compatibilizam as respectivas intervenções que se repercutem, directa ou indirectamente, no desenvolvimento da actividade física e no desporto, num quadro descentralizado de atribuições e competências.

O Estado, as regiões autónomas e as autarquias locais promovem o desenvolvimento da actividade física e do desporto em colaboração com as instituições de ensino, as associações desportivas e as demais entidades, públicas ou privadas, que actuam nestas áreas.

Na Guarda, o que se passa objectivamente é que cada vez mais o seguinte: quem deve apoiar tem menos capacidade para o fazer; quem deve fomentar a colaboração – conforme é bem patente na legislação – organizá-la, coordená-la, definir políticas integradas de fomento local de desporto, não o faz. Tem sentido realizar eventos desportivos onde se gastam milhares de euros quando os clubes estão com os cofres absolutamente depauperados por consecutivas e repetidas faltas de pagamento por parte de quem, protocolarmente, deveria apoiar? Qual é a actividade prioritária para os desportistas do concelho? Ver passar os ciclistas? Ou, outrossim, ter estruturas e clubes com capacidade para oferecer uma boa prática desportiva? Veja-se o exemplo da natação: desde a construção da piscina que este desporto, paulatinamente, se tem vindo a revelar cada vez mais com resultados e um bom potencial de crescimento. Agora, de facto, pense-se nos restantes desportos e descortine-se onde há locais com condições e disponíveis para serem praticados, nomeadamente, por exemplo, quentes no inverno, sem sol de frente – como é o caso dos dois únicos courts municipais de ténis – com disponibilidade de horário de utilização – quem tem acesso a utilizar o pavilhão de S. Miguel durante a semana?… Sem isto, sem políticas orientadoras, sem coordenação dos clubes e outras entidades promotoras, para onde irá o nosso desporto?

A nível de futebol, assistimos ao proliferar de clubes, conforme as conveniências sectoriais, sem uma estratégia estruturada e sem a existência de equipamentos consonantes com o slogan “Guarda, Cidade do Desporto”.

Por: Manuel Rodrigues

* presidente da concelhia da Guarda do PSD

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