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Desemprego representa 6,63 por cento do PIB da Beira Interior

Conclusão é de um estudo do Observatório para o Desenvolvimento Económico e Social

Por ano, mais de 230 milhões de euros deixam de ser produzidos na Beira Interior por pessoas que passam para o desemprego, conclui o mais recente estudo do Observatório para o Desenvolvimento Económico e Social (ODES), da UBI. O número foi calculado dividindo o Produto Interno Bruto (PIB) da região pelo número de trabalhadores, «para apurar a riqueza gerada por cada trabalhador, em média», explicou Pires Manso, docente da Universidade da Beira Interior e coordenador do ODES.

A riqueza média produzida por cada activo foi depois multiplicada pelo número de desempregados, daí resultando então «os custos económicos do desemprego na Beira Interior», o título escolhido para o estudo. Segundo Pires Manso, «o valor é significativo» porque representa 6,63 por cento do PIB da Beira Interior. «Além do mais, é um valor por defeito, calculado com os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE), que dizem respeito a 2004». Naquele ano, cada trabalhador contribuía com 1.430 euros para o PIB da região (de 3.546 milhões de euros). «De então para cá, o PIB aumentou ligeiramente e o desemprego cresceu ainda mais», sublinhou Pires Manso. Além destes custos económicos do desemprego, o docente alerta para «os custos sociais (como o subsídio de desemprego) que não estão aqui englobados».

Segundo aquele responsável, o trabalho do ODES pretende mostrar mais uma perspectiva do problema do desemprego, inspirada num estudo semelhante de Eugénio Rosa, economista da CGTP-Intersindical. «Muitas vezes, fala-se no desemprego com números secos e não se sabe bem o que significam. Aqui podemos ter uma ideia do que se deixa de facturar por causa dele», realçou, considerando que «a única forma de baixar estes custos com o desemprego é criar mais postos de trabalho». Para tal, defende a criação e implementação de programas de empreendedorismo e a atribuição de incentivos a empresas que se queiram instalar no interior. «Seria bom que a Agência Portuguesa de Investimento (API) dirigisse mais investimentos para esta zona», sugere. A Cova da Beira (concelhos da Covilhã, Fundão e Belmonte) é a sub-região estatística da Beira Interior «onde o desemprego mais aumentou nos últimos seis anos», atingindo 4.600 pessoas em 2006, aponta o estudo.

É, por isso, a zona que mais riqueza deixa de produzir (90 milhões de euros em 2004) devido ao número de pessoas que não trabalha. «Isto acontece porque a Cova da Beira é muito populosa no conjunto da Beira Interior, mas também porque fecharam muitas fábricas têxteis e de confecções que despediram muita mão-de-obra e não foram criados postos de trabalho suficientes para a absorver», explicou Pires Manso. Em termos da variação relativa do custo económico associado ao desemprego, no período compreendido entre 2001 e 2004, a Cova da Beira ocupa o primeiro lugar, apresentando uma taxa de variação igual a 125,31 por cento. Seguem-se a NUT Serra da Estrela, com uma taxa de variação igual as 69 por cento, a Beira Interior Sul, onde a taxa de variação registou um valor de 47,14 por cento e a Beira Interior Norte, com um valor igual a 22,12 por cento.

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