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Desemprego estabiliza na Guarda

Desertificação, envelhecimento da população e a ocupação dos desempregados são alguns dos factores que explicam a baixa taxa de desemprego

Um relatório sobre o desemprego na União Europeia, divulgado esta semana pelo Eurostat, coloca a Região Centro na melhor posição, tendo registado o índice mais baixo do espaço comunitário. A média de 3,6 por cento, cerca de metade da média nacional, é o resultado mais baixo do país. Também na Guarda se verifica a estabilização dos números, com tendência para diminuir, e a inversão do aumento generalizado.

A desertificação dos meios rurais, o envelhecimento da população e a ocupação dos desempregados em acções de formação, são factores que poderão explicar esta taxa de desemprego reduzida. Segundo Carlos Gonçalves, director do Centro de Emprego da Guarda, o número de desempregados tem vindo a decrescer ao longo dos últimos meses, «com excepção de Setembro». O acréscimo registado naquele mês deve-se por um lado ao aumento «preocupante» de licenciados e bacharéis que não encontram saídas profissionais no mercado de trabalho local e, por outro, a «um aumento anómalo» de professores sem colocação que se inscreveram para o subsídio de desemprego. Neste momento o número de inscritos ronda os 2.800 desempregados, assegura o responsável, mas «com tendência para estabilizar e até para uma ligeira descida». Isto porque «não se perspectivam», nem a curto ou médio prazo, encerramentos de unidades fabris da região, indica Carlos Gonçalves. O que contrasta com o que se passou nos meses de Março e Abril, em que os contínuos encerramentos de empresas engrossaram «substancialmente» os números de desempregados no Centro da Guarda.

Com o aumento da qualificação profissional e as políticas de emprego desenvolvidos pelo IEFP, «os números reflectiram uma diminuição», considera. Para o director do Centro de Emprego da Guarda, esta diminuição também está relacionada com o «rápido ajustamento» da oferta de empregos. «Todos os meses recebemos cerca de uma centena de ofertas de emprego e conseguimos satisfazer cerca de 60 a 70 por cento», adianta. A tudo isto soma-se a «melhor articulação» entre as instituições e entidades, públicas e privadas, que cooperam com o Centro de Emprego, sublinha, bem como uma «melhor informação por parte dos utentes», quer a nível das ofertas de emprego, quer dos programas geridos pela instituição. Para isso contribuiu também o Livre Serviço de Emprego (LSE), onde se pode aceder de forma autónoma a uma vasta gama de informações, recursos e serviços no âmbito do emprego e da formação profissional, a nível local e nacional. Para atenuar o desemprego na região o IEFP tem vindo a canalizar alguns casos para acções de reconversão e qualificação de forma possibilitar uma nova formação a pessoas que ainda podem enveredar por outro caminho em termos de mercado de trabalho. «E até temos conseguido colocar essas pessoas com novas formações», garante Carlos Gonçalves.

Neste momento há dois programas disponíveis, um no âmbito de emprego e protecção social (FORDESQ) e outro de intervenção na Beira Interior (GESTIC), oferecendo ambos acções de formação para licenciados e bacharéis que permitem «abrir novos horizontes» no mercado de trabalho. Estas iniciativas têm dado os seus frutos, refere o responsável, sublinhando que vários formandos têm enveredado por caminhos diferentes dos cursos que tiraram, enquanto outros criaram o seu próprio emprego. Nesse sentido, começaram esta semana no distrito da Guarda oito acções de formação, que abrangem 96 pessoas, no âmbito do programa GESTIC. Outra mais-valia é também o Centro de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências, que contribui para o aumento da qualificação dos trabalhadores.

Patrícia Correia

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