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Desempregados & “Desempregados”

Na Cova da Beira o desemprego não parou de crescer nos últimos seis anos. Segundo um estudo do Observatório para o Desenvolvimento Económico e Social da Universidade da Beira Interior, a Cova da Beira a que regista, em toda a Beira Interior, a maior perda de postos de trabalho, registando uma redução de 1700 postos de trabalho entre 2001 e 2004. Em números, dos 48.200 postos de trabalho existentes em 2001, passou-se para 46.500 postos em 2004. Ou seja, em seis anos, há um aumento de 2.045 desempregados nesta região, registando-se uma diminuição média anual de 567 postos de trabalho.

A reconstrução psicológica do desempregado

“O desemprego do homem deve ser tratado como uma tragédia e não como estatística económica”, lembrou com subtileza o Papa João Paulo II. Efectivamente, para além dos números existe realmente uma tragédia humana. A fragilidade económica dos indivíduos afectados e das suas famílias é a mais notória. Mas existem outros dramas ocultos, como é o caso da destruição da auto-estima de quem se vê inútil na sociedade. O desemprego destrói os homens por dentro, provoca depressões que se arrastam a toda a camada social e aumentam a vertigem do colapso. Não há crescimento de uma região quando o seu capital humano deixou de acreditar em si e perdeu a vontade de sonhar. Sem sonho não há obra. O IEFP devia apostar em terapias psicológicas para ajudar a reerguer muitos desempregados, ajudando-os a reconstruir o seu orgulho como homens e profissionais.

O apoio às empresas

Combater o desemprego passa por inverter as tendências e criar novos postos de trabalho. Tal só é possível, apoiando a criação do auto-emprego, criação de novas empresas e reforço das existentes. Mas a verdade é que as pesadas cargas fiscais, a falta de sérias políticas de estímulo económico regional, a desleal concorrência dos mercados internacionais, a falta de politicas de fiscalização e protecção da União Europeia, estão a destruir a nossa indústria. E hoje só um louco investe em novas empresas, arriscando o seu capital e o futuro da sua família. E sem a capacidade de risco dos empresários não há desenvolvimento sustentável, nem crescimento económico. Logo, não há empregos!

Desempregados profissionais

Existem desempregados e “desempregados”. Os números do desemprego escondem também uma realidade pouco transparente. Há gente que precisa de emprego e há empresários que precisam de trabalhadores. O que falta para que se encontrem? As empresas dizem que não há pessoal especializado. Mas que formação recebem os desempregados? As empresas dizem que os trabalhadores não querem ganhar o ordenado mínimo e preferem manter-se no desemprego, ganhando o mesmo e em casa. Ora, parece que estamos a criar desempregados profissionais, que cultivam o ócio, sem mecanismos que efectivamente os levem a procurar emprego, a aceitar os que aparecem. Se há quem queira trabalhar, outros tudo fazem para contornar a reintegração no mundo laboral e ainda fazem gala disso! Depois ainda vemos sindicatos e alguns partidos a exigir o aumento de quotas de emigrantes. Se há emprego para os emigrantes então porque existe tanto desempregado ainda no IEFP?? Alguém nos explica?

Por: João Morgado, Director da Kaminhos.com

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