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«Derrota evidente de Carlos Pinto»

Autarca perdeu em todas as freguesias do concelho da Covilhã

O PS revelou-se dominador nas 31 freguesias do concelho da Covilhã, arrecadando 64,27 por cento dos votos contra os 17,37 do PSD. Carlos Pinto e o PSD não conseguiram atingir os resultados esperados. Pelo contrário, decresceram os votos obtidos em 2002 em todas as freguesias.

É o caso de Casegas onde, em 2002, conseguiu arrecadar 41,69 por cento, algumas décimas atrás do PS, que teve na altura 42,37 por cento dos votos. Nas eleições do último domingo, o PS ganhou nesta freguesia com 55,33 por cento dos votos, relegando ao PSD apenas 29,28 por cento da votação. No Tortosendo, o caso é mais flagrante. A CDU ultrapassou mesmo os sociais-democratas com 17,94 por cento dos votos, sagrando-se assim como a segunda força política mais votada naquela localidade. O PSD consegue apenas 15,40 por cento, decrescendo 6,19 por cento em relação a 2002. «Esta é uma derrota evidente de Carlos Pinto», sublinha o comunista Jorge Fael, para quem a culpa é apenas do autarca covilhanense. «As pessoas não se esquecem da ambiguidade de Carlos Pinto em relação a medidas que o Governo queria implementar no distrito», lembra. Também a carta que o autarca-candidato enviou a todos os eleitores do concelho «não surtiu o efeito desejado, felizmente, e esse é o primeira dado a sublinhar», aponta Fael, considerando que a CDU deu um «contributo importante para esta derrota histórica» do autarca.

Também Victor Pereira, deputado eleito à Assembleia da República, considera que esta foi acima de tudo «uma derrota de Carlos Pinto», apontando-lhe igualmente as principais responsabilidades pelo sucedido. «Nunca explicou aos eleitores se iria ocupar o cargo na AR caso fosse eleito ou se continuaria na Câmara. Só suspendeu o mandato depois da insistência do PS e utilizou a base de dados da Câmara para enviar uma carta a apelar ao voto dos covilhanenses», enumera Victor Pereira. Na sua opinião, essa carta foi a «pior jogada» do social-democrata, classificando-a de «chantagem». «Estas eleições são uma derrota para quem se empenha nela pessoalmente», admitiu, por sua vez, Carlos Pinto na Rádio da Covilhã, chamando a atenção para o facto de «todos os elementos da lista» terem a sua quota de responsabilidade nas derrotas. «A verdade é que fomos todos derrotados no PSD», refere. Para o autarca, os resultados distritais são o reflexo do panorama nacional e «em todos os distritos houve derrotas», acrescenta, criticando o Presidente da República por ter demitido uma maioria que tinha estado durante três anos a praticar medidas para a resolução dos problemas deixados por Guterres. Apesar de derrotado, Carlos Pinto não deixou de saudar José Sócrates por ser o novo primeiro-ministro, esperando que possa ter uma «boa governação» do país e avisando-o de que «não vai ter desculpas» quando tiver que tomar medidas para que o país ande para a frente.

Liliana Correia

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