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Deprimidos

Menos que Zero

O Governo encomendou um estudo com o objectivo de analisar e propor recomendações para as áreas e sectores mais deprimidos de Portugal. Os primeiros resultados do PRASD, Programa de Recuperação de Áreas e Sectores Deprimidos, foram apresentados na semana passada por Daniel Bessa, o coordenador deste trabalho. Tal como se esperava, continua a existir uma forte assimetria entre o litoral e o interior do país, numa demonstração clara de um Portugal a duas velocidades.

No caso da Beira Interior, que apresenta um índice de poder de compra “per capita” de 71,8 por cento da média nacional, o estudo identifica um importante eixo de desenvolvimento entre a Guarda e Castelo Branco, passando pela Covilhã e pelo Fundão. Para esta região, o estudo recomenda o apoio público à marca Serra da Estrela, a gestão coordenada dos parques industriais das quatro cidades referidas, a aposta no Parkurbis como pólo de atracção de empresas de base tecnológica e grande valor acrescentado, a concretização do regadio da Cova da Beira e o reforço do apoio às exportações do sector laneiro da Cova da Beira.

O Governo não perdeu tempo e, com base nestas recomendações, prometeu medidas como a redução da carga fiscal para investimentos nestas zonas, a majoração regional dos investimentos ao abrigo do programa PRIME e a criação de um fundo de capital de risco. Tudo excelentes ideias, não fosse esta a enésima vez que se fala neste tipo de incentivos para o interior, sem que depois essas ideias passem do papel. Resta-nos aguardar para ver se agora vai ser diferente. De outra forma só podemos esperar que continue a fuga para as grandes cidades, confirmando-se assim as previsões das Nações Unidas: em 2015 residirão na região de Lisboa e Vale do Tejo cerca de 45 por cento da população portuguesa.

Por: João Canavilhas

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