O pedido de falência apresentado pela Delphi, no passado sábado, para as 38 subsidiárias localizadas nos Estados Unidos não abrange as filiais no estrangeiro, nomeadamente em Portugal. Segundo um comunicado divulgado no site do maior fabricante mundial de componentes para a indústria automóvel, esta solicitação destina-se a permitir que a empresa implemente um plano de reestruturação até meados de 2007. Por cá, os responsáveis portugueses insistem que a decisão não vai ter repercussões nas seis fábricas, a maior das quais está na Guarda.
Este procedimento já era de certa forma aguardado e resultou do impasse negocial verificado com os sindicatos do sector, depois de conhecidos os 274,5 milhões de euros de perdas no primeiro semestre de 2005. No comunicado, a Delphi admite a necessidade de «realinhar o “portfolio” global, bem como a estrutura industrial, o que vai exigir desinvestimentos e o encerramento de um segmento substancial da base de produção instalada nos Estados Unidos». Por outro lado, deixa bem claro que «não pretende recorrer a meios financeiros que possui no estrangeiro para suportar operações naquele mercado», referindo a existência de mais de mil milhões de dólares de liquidez e de 4,5 mil milhões em linhas de crédito fora dos Estados Unidos. Citado pelo “Diário Económico” de terça-feira, o director Manuel Pacheco garante que, no conjunto, a actividade repartida por seis fábricas «até deverá apresentar uma ligeira recuperação em 2006». Aquele responsável refere mesmo não haver, «por enquanto», indícios de que as medidas de reestruturação venham a estender-se a outros mercados. «Mas a Delphi é uma empresa global, com clientes e fornecedores globais», acrescenta.
Em Setembro, a administração da Delphi Portugal tinha garantido ao Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA) que vai manter os postos de trabalho nas fábricas do grupo no nosso país e que estas unidades não serão encerradas, apesar das dificuldades sentidas pela empresa nos EUA. Num comunicado, o sindicato, citando os administradores, referia que «os problemas que possam existir na Delphi resultam de uma situação conjuntural e localizada», a qual não afecta Portugal, uma vez que «existe independência entre a Delphi nos Estados Unidos e a Delphi Europa». Por outro lado, os responsáveis desmentiram o eventual encerramento de unidades portuguesas, classificando a informação de «falsa», mas admitiram haver «problemas nalgumas das fábricas, os quais são conhecidos». Uma mensagem tranquilizadora que o director da maior empregadora do concelho, com 1.100 trabalhadores directos, também já tinha passado ao presidente da Câmara, revelando que a fábrica da Estação tem laboração assegurada até 2009. «Foi muito claro ao dizer-me que a unidade continua a laborar com estabilidade a todos os níveis e que até 2009 não se prevê qualquer diminuição no contingente de trabalhadores, de encomendas e muito menos na laboração», referiu Álvaro Guerreiro no início de Setembro.
Luis Martins