Aluno do Conservatório de Música da Guarda alcançou primeiro prémio no VIII Concurso Internacional de Guitarra Clásica GSD “Jóvenes Intérpretes”, em Buitrago de Lozoya (Madrid).
Quando tinha seis anos o pai inscreveu-o no Conservatório de Música da Guarda para aprender a tocar guitarra. “Empurrado” para o mundo da música, Manuel Mesquita começou a ganhar gosto pelo instrumento mas só no quinto ano percebeu que «teria algum jeito», admite agora com 18 anos.
Quando era mais novo «tinha muita facilidade» e tocava guitarra com “uma perna às costas”, mas depois o instrumentista enfrentou algumas dificuldades: «A partir de certa altura, quando as coisas começaram a complicar-se em termos de repertório, eu continuava a estudar o mesmo e regredi», recorda. Contudo, não foi nada que não se resolvesse com uma pitada de entusiasmo e estudo. «Nos últimos dois anos comecei a estudar mais», adianta Manuel Mesquita, que pretende atingir a «melhor forma» para sair-se bem nas provas da universidade. É de olhos postos no futuro que agarra na guitarra e, todos os dias, estuda cerca de três horas: «Ao início, quando ainda não há resultados, é complicado intensificar o estudo. Isso foi muito complicado para mim», confessa o jovem, para quem o estudo é hoje um companheiro das horas vagas – e das “cheias” também. «Quando começam a aparecer resultados uma pessoa estuda com mais gosto», considera o guitarrista, que equaciona a hipótese de estudar no estrangeiro e tenciona fazer provas na Alemanha e na Áustria.
«A única razão que me leva a fazer também no estrangeiro é o ambiente musical envolvente, que aqui é muito inferior àquele que se vive noutros países», justifica Manuel Mesquita, não descurando o ensino em Portugal. «Tanto em Aveiro como em Évora há professores fantásticos. O único problema é a falta de oportunidades, falta de interação com outros músicos, e isso lá fora está muito mais vincado», afirma o jovem. E o seu lugar, será como guitarrista clássico ou contemporâneo? «Guitarrista clássico, é nisso que consiste a minha formação», responde Manuel Mesquita, considerando que a música clássica «é muito mais rica» do que qualquer outro género. «Com a música clássica conseguimos fazer qualquer coisa», acrescenta.
Manuel Mesquita reconhece que há «muitos guitarristas com qualidade» em Portugal e que todos estão «no mesmo caminho», o do trabalho, de «tentar evoluir em todos os aspetos e conseguir singrar neste mundo difícil que é a música, mas que é muito bonito». O aluno do Conservatório guardense não esquece a ajuda do professor de guitarra Edgar Petejo «e de todos os outros, mas em especial do professor Hugo Simões, que me acompanhou de uma maneira excelente e a quem estou inteiramente grato para o resto da minha vida». De resto, tirando as aulas e a música, Manuel Mesquita gosta de sair com amigos ou jogar futebol, pois «há tempo para tudo desde que seja bem organizado», garante.
Jovem guitarrista dá cartas no mundo da guitarra clássica
A sua sonoridade, aliada ao seu airoso dedilhar, valeu-lhe o primeiro prémio no VIII Concurso Internacional de Guitarra Clásica GSD “Jóvenes Intérpretes”, em Buitrago de Lozoya (Madrid). «É muito gratificante porque, no fundo, é o resultado do imenso trabalho que tenho desenvolvido», declara o jovem, acrescentando que se esforçou «muito» e teve que «sofrer bastante» para alcançar esta vitória. «O meu pai foi muito importante nesse processo porque sempre me deu incentivo e força. Este prémio está diretamente relacionado com ele», diz.
Sara Guterres