Arquivo

De El Geneina no Sudão a Gujarat na India

Bilhete Postal

Um investimento contra as barcas é a única solução que mudará o fluxo de migrantes que percorrem carregando esperança o Mediterrâneo. A boia destas pessoas é um sonho e por essa razão virão sempre mais atrás dos poucos sucessos de alguns. Por cada vitória nasce a esperança em milhares. Deste modo continuaremos a ter os cadáveres de meninos e suas mães.

Esta ideia peregrina de abrir lugares na Europa para os que arriscam a viagem, constrói a coragem dos que temiam partir e agora virão também. Que solução? Que alternativa? Defendo que a única forma de alterar o processo é criar em África a solução. El Geneina é um lugar no Sudão, miserável, mas visualizável no Google. Ali, como noutra parte qualquer podia construir-se uma “smart city” (uma cidade sustentável) que invertesse o fluxo para a Europa num processo africano. Criar emprego, construir urbanidade de raiz, construir uma cidade que produz pela dimensão a sua própria capacidade de gerar negócio. Havia que investir numa acessibilidade até ao mar, numa série de estrada para novas “smart citys”. Esta visão é a que encontramos na India onde um novo marajá decidiu subverter o ciclo de miséria implodindo uma velha civilização e apostando num caminho estruturado e novo. Narendra Modi eleito há pouco mais de um ano com mais de 200 milhões de votos de indianos conseguiu uma maioria absoluta e impôs-se uma centena de tarefas por vez de um programa muito teórico. Modi iniciou em Gujarat o aparecimento da primeira de uma centena de “smart citys” que surgem na sequência da ideia com que surgiu LA – do nada fazer uma cidade atrativa. Este processo ganhou imitadores na China recente, mas teve na cidade de Kilamba, em Angola um exemplo – projetada para 500 mil habitantes: 3,5 bilhões de dólares de gastos, e praticamente sem moradores. A ideia de investir para atrair pessoas e projetar negócios que servem de íman a mais pessoas retirando muitos da pobreza para a classe média já teve projetos privados e públicos. LA foi um projeto privado. No Japão, a ilha de Hashima, em Nagasaki, foi outro projeto megalómano de uma urbe que não conseguiu vingar. Foi um projeto da Mitsubishi. “UFO houses” em Sanzhi (Taiwan) foi outro investimento privado. Tudo isto para esclarecer da importância de estruturar um projeto para depois ele ser auto sustentável.

Por: Diogo Cabrita

Sobre o autor

Leave a Reply