Ainda com idade de júnior, David Rodrigues está perto de tomar a decisão que vai definir o seu futuro no “mundo das duas rodas”. O jovem que reside em Alfarazes, mesmo às portas da Guarda, venceu recentemente, em Madrid, a terceira prova de juniores da Taça do Mundo de “cross country”, integrado na selecção nacional de BTT. No entanto, também no ciclismo de estrada, em representação da equipa Asc-Vila do Conde, o estudante do 12º ano tem obtido bons resultados.
Aos 17 anos, David, que alimenta o sonho de ser profissional, reconhece que no final da presente época, em Setembro, vai ter de optar entre o BTT e o ciclismo, numa escolha em que a razão se deverá sobrepor ao coração: «Vou ter de me especializar numa delas. A vertente de que gosto mais é o “cross country” e é aquela que está mais em expansão e com mais evolução. Só que onde há mais dinheiro, apoios e onde posso fazer carreira é na estrada», reconhece. Por isso, o destino parece estar traçado. «Para o ano, se não estiver incluído numa equipas estrangeira de BTT, terei de deixar esta variante porque a nível nacional não há equipas que me dêem condições», garante. De resto, o jovem refere ter um estatuto de «semi-profissional» na Asc, uma vez que recebe uma compensação monetária mensalmente, além de ter direito a bicicleta e treinador, entre outras benesses. Já no BTT, onde representa o Clube de Montanhismo da Guarda, «às vezes, ainda tenho de pôr dinheiro do meu bolso».
Contudo, neste momento assegura que ainda não recebeu nenhum convite, mas espera que apareçam equipas interessadas «mais para o final da época, em Agosto». Uma coisa é certa, os estudos são para continuar, até porque está consciente de que a carreira de um ciclista profissional termina por volta dos «35 anos», daí que seja importante «tirar um curso para ter algo a que me segure na vida». E com essa outra meta em mente, nem o facto de treinar diariamente cerca de três horas e passar poucos fins-de-semana em casa devido às provas afectaram o seu rendimento escolar. «Nunca chumbei e sempre consegui conciliar os estudos e as bicicletas», assegura, revelando que pretende seguir Medicina tirando partido do estatuto de alta competição. Sobre o recente triunfo em Madrid, David Rodrigues confessa que foi «espectacular» e que «não podia ter sido melhor» naquela que foi a sua vitória «mais consagrada», além de ser «o melhor resultado de sempre no BTT nacional», embora não tivesse sido a primeira com as cores da selecção nacional que começou a representar aos 15 anos.
Foram alguns colegas da selecção que, cerca de um ano mais tarde, o desafiaram a experimentar o ciclismo de estrada e o resultado foi bastante «surpreendente», uma vez que «nem eu próprio estava à espera de conseguir entrar logo nos 10 primeiros num pelotão de 120». Nesse sentido, autodefine-se como um «atleta que faz tudo. Tanto subo, como desço ou rolo ao mesmo nível». Aliás, garante que o facto de treinar as duas variantes acaba por beneficiá-lo, uma vez que «se complementam», sendo uma «mais táctica» enquanto a outra exige «mais técnica e força». O jovem, cujo «”bichinho”» pelas bicicletas lhe foi incutido pelo irmão quatro anos mais velho, revela que começou a praticar BTT aos 9 anos, quando comprou a sua primeira bicicleta de competição. Ganhar uma Volta a Portugal ou ir ao Tour de França são alguns dos «sonhos» de quem tem em Joaquim Agostinho, José Azevedo e Lance Armstrong as referências no ciclismo.
Ricardo Cordeiro
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