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David Justino quer rede de escolas técnicas no próximo ano lectivo

Ministro da Educação defendeu nos 120 anos da Escola Secundária Campos Melo a «recuperação» do ensino profissional para desenvolver a região

No dia em que a Escola Secundária Campos Melo recebeu a medalha de ouro de Mérito Municipal pelos seus 120 anos ao serviço da educação, o ministro David Justino aproveitou a oportunidade de se encontrar na primeira escola industrial fundada em Portugal, em 1884, para defender a necessidade de «regenerar, recuperar e relançar» o ensino técnico-profissional. A tal ponto que anunciou a pretensão de criar, já no próximo ano lectivo, uma rede de escolas técnicas no país, viradas para as tecnologias do futuro e apostadas em fornecer o mínimo das competências aos alunos para que possam ingressar na vida activa.

«Esse é o meu principal objectivo», afirma, garantindo que a formação técnica permite «combater o abandono escolar, a desqualificação e a discriminação social. É um trabalho de anos, mas por isso é que tem de ser começado já», sustenta, demonstrando interesse em que a Secundária Campos Melo se possa integrar nessa rede até por causa da «tradição, conhecimento e papel fundamental» da antiga escola industrial na formação de técnicos especializados, principalmente na área têxtil. A recuperação do ensino técnico foi, aliás, o repto que Carlos Pinto, antigo aluno da escola, lançou ao ministro. «Porque não aproveitar uma escola como esta para relançar o ensino técnico em Portugal», frisou o edil covilhanense, para quem o país só se desenvolve com a formação e ensino de qualidade, apelando por isso a uma maior descentralização dos serviços distritais de Educação. Determinado a levar o projecto avante para «pagar o crime» de ter acabado com o ensino técnico há uns anos atrás, David Justino desafiou a escola a «abrir as portas» aos empresários, às autarquias, à universidade e à comunidade em geral, para «decidirem» em conjunto o modelo de desenvolvimento da região. «Quais as actividades âncoras da região? Quais as competências? Digam isso para ajudar a definir os currículos educativos», apelou, explicando que só assim se poderão ajustar os currículos, os conteúdos e a formação dispensada na escola às necessidades da sociedade impostas pelas novas tecnologias, pelo mercado e meio empresarial.

«Não quero que a escola seja uma repartição pública do Ministério da Educação, mas a emanação de uma força da dinâmica local», acrescentou David Justino, ao desafiar as forças vivas da Covilhã a proporem à tutela «o que fazer da escola». Do ministério, haverá toda a «disponibilidade para ajudar nesse projecto», garante. «Uma escola exigente não se faz com pequenos projectos, mas com trabalho, disciplina e organização», refere, mesmo que isso leve o ministro a ficar «um pouco mal visto ou a levar algumas assobiadelas», como aconteceu à sua chegada, com os assobios de alguns alunos em protesto pelas reformas educativas. Isabel Fael, presidente do conselho executivo da escola, apoia a decisão do ministro, até porque a «interacção» entre a escola e a realidade é uma «linha de rumo» que já tem vindo a ser traçada na Campos Melo. Daí estar disponível para «debater e discutir» as melhores opções da rede escolar nos cursos tecnológicos para a região, defendendo, no entanto, a «coexistência» de um ensino mais tecnológico e de outro, para prosseguimento dos estudos, para acabar com a ideia «passadista» das escolas para os pobres e os ricos. As comemorações dos 120 anos da Campos Melo vão continuar até Dezembro, com exposições, protocolos, actividades desportivas, culturais e homenagens.

Liliana Correia

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