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Daqui a Vinte Anos

Quebra-Cabeças

Diz-se que o petróleo se esgotará em 2043, a manterem-se os actuais níveis de consumo. Estes, como é óbvio, tendem sobretudo a aumentar. A China está a entrar decisivamente na economia mundial e tem os índices de crescimento mais elevados do mundo desenvolvido. Significa isto que dentro de alguns anos poderá haver mais algumas centenas de milhões de viaturas movidas a derivados do petróleo a circular nas estradas do planeta. É claro que se vão descobrir mais jazidas e que a deadline vai ser adiada por várias vezes. Mas há mais indícios inquietantes: há petróleo barato, com baixos custos de extracção, como nas areias da Arábia Saudita, e há petróleo caro, como o do Mar do Norte. Significa isto que, mesmo antes de acabar de vez o petróleo, vai subir a pique o seu preço. Basta que se tenham de procurar novas jazidas com custos de extracção mais elevados.

É claro que não vamos esperar pelo último dia para procurar outras fontes de energia. Sabendo que o petróleo está condenado a prazo, seria criminoso não começar já. Podemos até dizer que o crude, como matéria-prima para produção de energia, vai ser obsoleto mais de dez anos antes de se esgotar o último poço. A União Europeia tem vindo a trabalhar activamente na procura de fontes alternativas de energia e os resultados começam a ver-se. Por toda a união, investe-se em mini-hídricas e em torres de captação de energia eólica. Daqui a uns anos, as poucas centrais termoeléctricas existentes usarão combustíveis de fontes renováveis, como sejam os detritos das florestas (o que, pelo caminho, irá reduzir os riscos de incêndios florestais).

Resta, é claro, o problema dos transportes. O comboio vai ser claramente uma alternativa de futuro: as linhas vão ser em breve totalmente electrificadas e a dependência do petróleo vai reduzir-se até perto do zero. Quanto aos restantes transportes terrestres, não faltará muito também para abandonarem os combustíveis fósseis. A General Motors, a Toyota, preparam-se para lançar no mercado viaturas eléctricas a preço competitivo. Pode ser uma questão de anos, poucos, e palavras como gasóleo e gasolina passarão a ser obsoletas. Onde quero chegar? Apenas a isto: está em curso, e começou já, uma revolução no campo das fontes de energia.

Há quem ainda não tenha percebido isto, por exemplo os árabes. O seu caminho de saída da idade média, o seu instrumento de chantagem, o seu único trunfo chama-se “petróleo”. Quando perder a importância vão ter apenas a areia dos desertos, os seus ressentimentos e o fundamentalismo islâmico.

Outra previsão: a emigração dos árabes para o Ocidente vai aumentar exponencialmente. Tal como a xenofobia anti-árabe nos países ocidentais.

Por: António Ferreira

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