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“Danças Pela Cidade” animaram centro histórico da Covilhã*

Tantas e tantas vezes a elaboração e avaliação de uma agenda cultural prende-se mais com as contendas política que com a cultura propriamente dita, o que retira brilho e capacidade de concretização a tantas e tantas iniciativas que ficam por materializar neste excídio de prioridades. Felizmente não foi o caso neste dia de sábado em que o coração débil do centro histórico da cidade da Covilhã bateu mais forte e entusiasmado, num pulsar de vitalidade, encantamento e alegria criado pela iniciativa das alunas do Conservatório de Música da Covilhã denominada “Danças Pela Cidade”, que nesta sua 5ª edição e através de um espectáculo dinâmico de música, dança e luz, tiraram a dança contemporânea dos palcos e estúdios onde habitualmente “reside” e surpreenderam as pessoas na rua, instando-as a segui-las, quase como se de umas encantadoras se tratasse, com pequenos apontamentos de dança e espectáculo; sem palcos, sem grandes luzes e sem o aparato de grandes aparelhagens sonoras.

Num testemunho de verdadeiro amor à arte e partilha, cujo ónus foi o magnífico som dos aplausos de entusiasmo que quem assistia a este espectáculo despretensioso, em que o ser, foi mais que o parecer. Nestes “palcos” improvisados, que começaram junto à capela de São Silvestre numa dança denominada “Sonhando a Própria Utopia”, na Rampa das Portas do Sol com uma dança intitulada simplesmente “Calçada”, no Miradouro das Portas do Sol, numa dança denominada “Medo Inconsciente”, no Terreiro das Portas do Sol, numa dança intitulada “Sem Fôlego”, no patamar da Igreja de Santa Maria numa dança denominada “Acordar”, terminando nas Escadarias do Castelo com uma dança com o título sugestivo de “Con(tradição)”. Foi embalado no encantamento desta arte urbana, que vi as pessoas espreitar e ficar às janelas, as ruas encherem-se de gente e todos sem excepção com um sorriso “pintado” nos seus rostos.

Depreendi da materialização deste tipo de evento a capacidade de descentralização da dança e da cultura, dando lugar ao impulso de partilha e à liberdade de movimentos, espalhando-os pela cidade, surpreendendo e suscitando o interesse dos residentes e transeuntes, chamando a atenção para esta forma de expressão artística, que numa apreciação de interesse suscitado, diria que, movimentou um número bastante significativo de pessoas, aportando vida e pulsar ritmado ao núcleo histórico da cidade da Covilhã, que quem teve a oportunidade de assistir, pode afirmar que valeu, vale e valerá sempre a pena assistir, e dar testemunho deste tipo de iniciativa. Em duas palavras, à organização e às bailarinas, parabéns pelo arrojo e obrigado pela partilha!

Jorge H A Saraiva, gestor e mestrando em Ciência Política pela UBI, carta recebida por e-mail

*Título da responsabilidade da redação

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