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Críticas à oposição marcam adjudicação do novo Centro de Saúde de Gouveia

Álvaro Amaro diz que nos mandatos do seu antecessor «tudo era conversa ou ideias na atmosfera»

O novo Centro de Saúde de Gouveia vai custar 3,3 milhões de euros com equipamento e deverá estar pronto daqui a 18 meses. A secretária de Estado da Saúde, Regina Bastos, apadrinhou na última quinta-feira a cerimónia de adjudicação definitiva da obra à firma Manuel Rodrigues Gouveia, também escolhida para realizar a empreitada dos arranjos exteriores, orçada em 250 mil euros. Este equipamento, a construir de raiz junto ao cruzamento das Amarantes, vai substituir o denominado Hospital de Nossa Senhora da Piedade, a funcionar num edifício da Associação de Beneficência Popular de Gouveia que ali tenciona incrementar a sua oferta de serviços assistenciais e de saúde.

Mas a sessão ficou marcada pela resposta de Álvaro Amaro, autarca local, às críticas dos socialistas de Gouveia que reclamam para si a “paternidade” deste e de outros projectos, caso da variante à cidade, recentemente adjudicada. «Que fiquem com os louros, mas deixem-me congratular com o meu esforço para a sua concretização, pois estas obras eram visionárias mas não apareceram no seu tempo», afirmou, sublinhando ser preciso «passar as fronteiras do concelho» para se conseguir «o desenvolvimento» de Gouveia. Num tom muito duro, o presidente do município, eleito em 2001 contra o histórico socialista Santinho Pacheco, continuou garantindo que agora «discutem-se obras» e que importa «ganhar o muito tempo perdido» nos mandatos do seu antecessor, quando «tudo era conversa ou ideias na atmosfera». Concluídos os desabafos, Álvaro Amaro falou depois da complementaridade dos serviços de saúde na corda da serra – um novo hospital está anunciado para Seia, a uma dezena de quilómetros de distância – e defendeu a elaboração de uma Carta da Saúde em cada concelho. «Independentemente das aspirações legítimas de terras e concelhos da região, é importante que o Estado olhe para essa complementaridade de infraestruturas para haver uma maior eficácia e rentabilidade dos investimentos realizados», afirmou.

A secretária de Estado concordou, mas antes deslumbrou-se com a «obra de ponta» do futuro Centro de Saúde. «Não é fácil dar aos cidadãos obras desta qualidade com recursos tão escassos», disse Regina Bastos, para quem os gouveenses vão ficar bem servidos. «Esta obra enquadra-se no espírito da reforma que estamos a levar a efeito no ministério, no sentido de dar cada vez mais acessibilidade e qualidade aos cidadãos na prestação de cuidados de saúde», destacou, realçando a criação de uma rede de cuidados primários o mais próxima possível do cidadão para evitar o recurso «exagerado» às urgências hospitalares. À margem desta cerimónia, o presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro fez o ponto da situação quanto aos restantes projectos previstos no distrito da Guarda. Trata-se da construção ou remodelação de seis unidades de saúde (Gouveia, Guarda, Manteigas, Pinhel, Sabugal e Figueira de Castelo Rodrigo), num investimento estimado em 11 milhões de euros. Segundo Fernando Andrade, as infraestruturas previstas para Pinhel e Guarda estão em concurso, enquanto o projecto do Sabugal já tem o visto do Tribunal de Contas e o de Figueira de Castelo Rodrigo está de novo em concurso após a providência cautelar da Ordem dos Arquitectos. «É previsível que estas obras comecem em 2005 e têm quase todas uma prazo de execução de mais de ano e meio, à excepção da Guarda, que é de dois anos. Pensamos que possam estar concluídas em 2006 ou 2007», adiantou.

Luis Martins

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