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Crise, neve e a morte do galo no Carnaval da Guarda

Nem o frio que se fez sentir na noite da última segunda-feira afastou guardenses e visitantes do centro da cidade, onde largas centenas assistiram ao Julgamento do Galo do Entrudo. O desfile mal tinha começado e já se gritava “Morte ao Galo!”, animal que representa os males que afligiram o povo em 2012.

O evento voltou a recorrer à sátira político-social para lembrar os problemas que têm vindo a marcar a realidade do concelho e do país. Os atrasos nas obras do Hospital Sousa Martins, a venda do Hotel Turismo, a indecisão do PSD quanto ao candidato na Guarda e o comportamento dos políticos, entre outros, foram os temas em destaque nesta cerimónia carnavalesca, aos quais o público não ficou indiferente. A neve foi a convidada de honra, com uma presença algo tímida, mas que serviu para embelezar um Carnaval tradicionalmente frio. António José Teixeira, jornalista e diretor da SIC Notícias, abriu as hostes com a simulação de um direto em que introduziu “Lisete Carnavalesca” (José Neves), uma repórter excêntrica e desajeitada. Também Daniel Rocha (juiz), Valdemar Santos (Zé Povinho), Ivo Bastos (advogado de acusação), Antónia Terrinha (advogado de defesa), Filipa Teixeira (voz do galo) e alguns figurantes participaram nesta celebração, em que a crítica foi a figura central.

Duas dezenas de coletividades locais animaram o desfile, que contou ainda com a Farra Fanfarra (Sintra), a Banda às Riscas (Porto), o grupo de percussão e cabeçudos Tocándar (Marinha Grande) e a Companhia Marimbondo (Lousã), que fez a delícia dos presentes com os seus malabaristas e cuspidores de fogo. Uma das novidades deste ano foi uma projeção de videomapping, com as casas da Praça a servirem de “tela” a um jogo de luzes e cores. A anunciada surpresa da noite foi o cientista Fernando Carvalho Rodrigues, que cantou ópera da varanda da antiga Câmara e obteve um forte aplauso. A noite terminou com o galo a arder na fogueira e com os foliões a degustarem uma canja retemperadora.

Hélder Sequeira foi o autor dos textos, José Tavares criou a música e Rui Miragaia esculpiu o galo, numa produção da Culturguarda para a Câmara Municipal, coordenada por Américo Rodrigues. Entretanto, está a decorrer, até domingo, o Concurso de Fotografia alusivo ao espetáculo.

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