O Bispo da Guarda tem mais um problema para resolver, desta vez na Misericórdia de Belmonte, cuja última assembleia eleitoral, realizada no passado dia 7, não encontrou saída para a crise diretiva da instituição.
A mesa administrativa, dirigida por João Gaspar, demitiu-se em fevereiro depois da Segurança Social ter participado ao Ministério Público alegadas irregularidades detetadas na gestão por uma fiscalização. Na altura foram convocadas eleições, mas a única lista concorrente acabou por sair de cena no dia 7 devido a divergências sobre os estatutos com a mesa administrativa demissionária. Perante esta situação, o provedor já disse que a resolução do impasse está «nas mãos do Bispo da Guarda», pois terá que ser D. Manuel Felício a nomear a comissão administrativa que vai gerir a Misericórdia até ser eleita uma nova direção. Até lá, João Gaspar, provedor há 38 anos, sublinha estar tranquilo relativamente à investigação do Ministério Público, recordando que «tudo o que tem hoje a Misericórdia fui eu que construi, pois quando lá cheguei não havia nenhuma atividade institucional», declarou. Atualmente, a instituição gere um lar de idosos, uma creche e um infantário, empregando cerca de 130 pessoas.
A crise da Misericórdia de Belmonte “rebentou” em 2010, quando o relatório de uma auditoria solicitada pela autarquia local concluiu pela «falência técnica» da instituição e pela incompatibilidade de cargos do provedor numa empresa participada pela Santa Casa – que este negou. Segundo o documento, a Misericórdia já estava «inibida de passar cheques», alguns dos seus bens já tinham sido apreendidos e havia casos de «salários em atraso». Registava ainda dívidas às Finanças e à Segurança Social e um endividamento bancário «insustentável» de 1,6 milhões de euros.