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Crianças do “Bolinha de Neve” sem educadora desde Setembro

Pais estão indignados por docente que não quer regressar ainda não ter sido substituída

Há quase três meses que 21 crianças do infantário “Bolinha de Neve”, na Covilhã, estão sem educadora de infância por esta ter tido problemas de saúde devido às deslocações diárias entre Castelo Branco e a Covilhã. A situação, que se arrasta desde Setembro, está a deixar indignados os pais das crianças, com três anos, da “Sala Pimpão”, uma vez que os filhos estão apenas a ser acompanhados por duas funcionárias a tempo inteiro e por mais uma que se ocupa também da higiene do infantário e da cozinha. A situação deverá motivar um protesto na delegação regional da Segurança Social, em Castelo Branco, e uma denúncia junto do ministro.

«Por muito emotivas que sejam, as funcionárias não têm formação técnica para desenvolverem um trabalho pedagógico numa idade em que estão a criar os alicerces básicos para uma boa evolução mental», acusa um dos pais, que prefere manter o anonimato por temer represálias na sua filha. «As crianças limitam-se a ouvir histórias, a brincar e a pintar. Não deixa de ser importante, mas falta o acompanhamento pedagógico», critica. A preocupação aumenta quando verifica que as crianças da mesma idade noutras turmas estão a evoluir mais depressa que as da “Sala Pimpão”. «Em vez de evoluírem, estão a regredir», acusa aquele pai, por ver que os esforços feitos em casa para que as crianças deixem a fralda e a chupeta não são continuados na creche. «A única vantagem é termos um local para as deixar enquanto trabalhamos. Mas a função do infantário não se resume apenas a “acolhimento”. Daí a exigência legal da colocação de educadoras de infância nesta faixa etária», alerta, exigindo a resolução do problema o mais breve possível para que «não lesar as crianças», ainda para mais quando continuam a pagar na mensalidade o acompanhamento pedagógico.

Um outro pai, que também preferiu o anonimato, considera que a direcção do infantário e a própria Segurança Social deveriam ter evitado este problema por «se prever há algum tempo», considerando ainda «inadmissível» que a situação não tivesse já sido resolvida. Segundo apurou “O Interior”, a educadora terá manifestado a vontade de ser transferida para outro jardim-de-infância perto da sua “terra natal” devido às deslocações diárias. «Antes de Agosto, a educadora meteu baixa por causa de uma depressão por se deslocar todos os dias de Castelo Branco para a Covilhã», confirmou o director regional da Segurança Social, José Penedo, adiantando que a situação deverá estar resolvida «provisoriamente antes do final do ano». A delegação albicastrense da Segurança Social está entretanto a tentar substituir a educadora por uma estagiária, sendo que a ideia é deslocar definitivamente a educadora visto que esta não pretende regressar. «É óbvio que não deveria ter aceite o lugar, mas a partir do momento em que tem problemas psicológicos temos que ser compreensivos», aponta José Penedo. Segundo informações a que os pais tiveram acesso, a educadora terá sido mesmo já readmitida num outro estabelecimento em Alcains, mas essa hipótese foi desmentida pelo director regional da Segurança Social e pela directora do jardim-de-infância covilhanense. «As crianças estão bem acompanhadas técnico e pedagogicamente pelas funcionárias, e também em todos os aspectos de alimentação e higiene», responde a directora do “Bolinha de Neve”, Maria Jenni Soeiro, refutando assim as acusações dos pais. «Terão que me provar qualquer situação contrária, o que não acontece», justifica, considerando que a atitude dos pais apenas está a «prejudicar» a educadora e o estabelecimento. «Se as crianças estivessem em casa ou fossem mal acompanhadas, teriam toda a razão. Mas isso não acontece, pois as crianças estão bem», acrescenta.

Liliana Correia

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