Munidas de saco-cama e almofada, cerca de 40 crianças da Guarda viveram, na última sexta-feira e no sábado, duas noites diferentes na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço. “Noite em pijama com histórias de embalar” foi a iniciativa que proporcionou a 17 petizes da pré-primária, na sexta, e 26 do primeiro ciclo, no sábado, passarem a noite rodeadas de livros, jogos, canções e brincadeiras.
A actividade foi desenvolvida por seis especialistas nas áreas do ensino e pedagogia, da Cultura & Saberes e Brinquedoteca Itinerante – “Brinquedos Andarilhos”, duas empresas de animação cultural, de Braga. O objectivo foi «trazer uma dinâmica diferente à própria biblioteca, em que os pais também têm uma noite de lua-de-mel», explica Helena Magalhães, escritora e responsável pela “Brinquedos Andarilhos”. «É uma forma de eles convierem e, assim, conseguimos mais leitores, até porque as pessoas estão cansadas de ver a biblioteca como um espaço frio e nós criamos uma dinâmica diferente», acrescenta.
Divididas em dois grupos por sessão, e partindo da pintura de aventais com tintas apropriadas para o efeito, as crianças foram dispostas depois num grande círculo e com a ajuda de fantoches, contaram em conjunto a história do “Capuchinho Vermelho”, sempre com a animação de duas bonecas de trapos humanas e um “mimo” e ao som de embalar de um violoncelo. «A criança conta a história e nós só ajudamos com o movimento do fantoche», salienta. Com um teor sempre pedagógico e depois de alguns jogos e brincadeiras, o ritual de lavar as mãos não faltou e já com os aventais postos, seguiu-se a confecção de pequenos bolos de chocolate, sempre sob o olhar atento dos adultos presentes. A recriação do conhecido conto infantil estava feita. «Trazemos o conto à criança e fazemos com que haja interacção entre elas, nomeadamente através da culinária», refere Helena Magalhães. Depois dos dentes lavados e dos pijamas vestidos, as crianças terminavam a aventura na biblioteca, dormindo entre os livros.
«Gostei muito de fazer bolos, de mexer no açúcar e no chocolate e de sujar as mãos». Foi desta forma que na inocência dos seus nove anos, a pequena Joana Ferreira descreve a actividade. Alexandra Simão, de 7 anos confessa: «Nunca pensei em dormir numa biblioteca», e apesar de ter o DVD do “Capuchinho Vermelho”, afirma ter ficado a «saber mais coisas sobre a história».
Helena Magalhães frisa que estas iniciativas servem de «incentivo à leitura» e de «interacção entre as crianças» e proporcionam uma empatia entre os intervenientes. «Quando os pais vieram buscar as crianças, elas não queriam ir embora, ficou uma empatia muito grande e os pais querem que seja repetida a iniciativa», revela orgulhosa.
A adesão do público foi significativa e levou a que o número de participantes ultrapassasse o número máximo de crianças previsto para ambas as noites, numa actividade que proporcionou a 43 jovens guardenses o convívio entre si e o contacto com a leitura, em duas noites diferentes na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço.
Rafael Mangana