O princípio de que uma palavra nova, uma ideia nova, nos amplia é que torna viciosa a busca. Continuamente procurar novas fronteiras e passar por elas, colocando em causa, exercendo curiosidade, imprimindo dúvidas a todas as certezas. Mas não podem ser limites questionados, não podem ser barreiras impostas pela pergunta. A imposição de dúvidas é o método científico por excelência. Tudo o que fazemos de modo rotinado pode ser feito de modo melhor? A técnica que usamos é indiscutível? Há alguma coisa perfeita que o homem criou? Há alguma certeza no conhecimento vigente? Aquilo que sabemos é que determinada verdade em determinada época, à luz de princípios vigentes num tempo preciso é aparentemente a melhor solução. Mas pode não ser. Este é o primado da curiosidade, Este é o princípio da rotura com o ontem. A preexistência é uma ideia dos arquitectos sobre a memória. Aquilo que está feito antes da nova construção, aquilo que tem que ser mantido para o desenvolvimento do projecto renovador. Idealmente, não há obra nova com preexistências. Renovar, “re-styling” é sempre intervir na obra feita. Também nas ideias e na ciência é a memória que dificulta muitas vezes a evolução. O crescimento pode fazer-se por degraus ou por roturas bruscas. Crescer é colocar questões, é duvidar e é perceber se a memória pode ou não servir de barreira.
Por: Diogo Cabrita
