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Credores aprovam liquidação da Carveste

Dívidas superiores a 35 milhões de euros, património reduzido e ausência de propostas para retomar atividade estão na origem do fecho definitivo da empresa de confeções de Caria

Os credores da Carveste, uma das confeções históricas da região, aprovaram por unanimidade a liquidação imediata da empresa de Caria (Belmonte) e a venda do seu património por não existirem condições para retomar a atividade. A proposta foi apresentada pelo administrador da insolvência no Tribunal da Covilhã, no passado dia 3.

Para essa decisão contribuiu a existência de mais de 35 milhões de dívidas reconhecidas, grande parte das quais a entidades bancárias, do património da empresa rondar os dois milhões e sobretudo da inexistência de propostas de viabilização da fábrica. Após a sessão, o presidente do Sindicato Têxtil da Beira Baixa (STBB) não escondeu a sua revolta com este desfecho e estranhou que «uma empresa que beneficiou de vários perdões de dívidas tenha um passivo deste montante». Luís Garra insurgiu-se ainda contra o facto de «uma empresa dos mesmos donos da Carveste» ser credora da insolvente e desafiou as entidades competentes a investigar o que se passou nos últimos anos na fábrica de Caria. Nesta primeira assembleia de credores, o advogado do sindicato propôs que a venda do património fosse feita «na globalidade» e com preferência a um investidor que manifeste a intenção de retomar a laboração, mas a proposta foi chumbada, tendo sido contestada pelo advogado da Carveste e pelo representante de duas dezenas de trabalhadores que alegaram que tal alteração dificultaria a venda.

«A nossa proposta é séria e responsável, o que estranho é esta coincidência de posições entre os advogado da empresa e de alguns trabalhadores em pretenderem a venda por partes uma vez que a nossa posição em nada dificulta o processo», afirmou o sindicalista, que continua esperançado na chegada de um novo investidor que possa retomar o negócio da confeção. Fundada na década de 80 do século passado, a Carveste chegou a empregar mais de 500 pessoas nos anos 90 e fechou portas no final de julho após a administração suspender os contratos dos últimos 200 trabalhadores, aos quais ficaram por pagar 50 por cento do subsidio de férias de 2009, os salários de junho e julho e o subsídio de férias deste ano. No início de setembro, Francisco Cabral, gerente e fundador da empresa, demitiu-se. A difícil situação financeira da fábrica de confeções – que adquiriu e fechou a Gartêxtil na Guarda – arrasta-se há vários anos. Apesar de ter encomendas e trabalho, os últimos tempos têm sido de salários em atraso e paralisações dos seus funcionários.

Património vai ser vendido para pagar dívidas a bancos e trabalhadores

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