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Credores adiam votação de propostas para a Nova Penteação

Futuro da fábrica discute-se no próximo dia 11, com a possibilidade de uma nova proposta de investidor ainda não oficial

Pela quinta vez consecutiva, a fábrica de lanifícios Nova Penteação viu o seu futuro adiado para dia 11 no Tribunal da Covilhã. Apesar de existirem duas propostas na mesa, de Paulo de Oliveira e Aníbal Ramos, nenhuma delas foi votada na passada quinta-feira, pois a comissão de credores optou pela suspensão de trabalhos para uma análise mais aprofundada.

Tanto Paulo de Oliveira, como Aníbal Ramos, ex-administrador da empresa, reformularam as suas anteriores propostas. As alterações do proprietário da “Penteadora de Unhais” e da “Paulo de Oliveira S.A” referiam o pagamento da dívida, de mais de dois milhões de euros, aos credores da Nova Penteação e Fiação da Covilhã até ao prazo máximo de 25 dias, em vez dos 30 anteriormente estipulados. Outra novidade era a atribuição de 1,5 milhões de euros (cerca de 300 mil contos) em indemnizações aos trabalhadores que ficassem de fora. Por seu lado, o ex-administrador não lançou valores a pagar, mas informou que cerca de duas centenas de operários seriam indemnizados. Comprometeu-se, também, a iniciar a actividade da fábrica com 160 trabalhadores, dos 460 existentes, havendo a possibilidade de integração de mais uma centena. Segundo o aditamento, estes trabalhadores terão garantida pelo Estado a sua continuação no programa FACE, com uma duração de seis meses. Aquando do término deste tempo, os trabalhadores entrarão em suspensão de contrato por um período máximo de 18 meses, tendo a Segurança Social o pagamento da remuneração, na totalidade, a seu cargo.

Sem um nome oficial, este adiamento traz desconfianças sobre a possibilidade de uma terceira proposta estar a ser negociada com um dos credores, nomeadamente o Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (IAPMEI). Perante a suspensão de trabalhos e a não votação imediata dos documentos, Paulo de Oliveira retirou de imediato a sua proposta e abandonou a sala, alegando que possivelmente não voltará a apresentar mais nenhuma. Neste momento, o único interessado, oficial, no processo de reabilitação da Nova Penteação é Aníbal Ramos. Apesar de considerar «difícil» neste momento fazer um plano de viabilização, o ex-administrador garante que, se ganhar a corrida, pretende cativar os antigos clientes com produtos “standard” para a nova colecção de Março. Já para Luís Garra, presidente do Sindicato Têxtil da Beira Baixa (STBB), as contínuas suspensões tornam a situação «complicada», pois a empresa está «completamente paralisada». Para os trabalhadores os problemas são «mais difíceis», visto terem apenas recebido «40 por cento do subsídio de férias e não haver perspectivas» para o pagamento dos salários do mês de Agosto. Contudo, as alterações elaboradas por Aníbal Ramos «melhoram a proposta anterior, mas não respondem totalmente» às aspirações do sindicato para a Nova Penteação. Ainda assim, considera ser uma alternativa a analisar pelos trabalhadores, uma vez que têm a possibilidade de «encontrar soluções e ditar a última palavra no processo». As modificações nas propostas obrigam a que a conclusão esteja dependente do mútuo acordo entre as partes envolvidas, investidores e funcionários. Apesar de «melhor», Garra critica esta situação por considerar a tentativa de «passar a responsabilidade para os funcionários, um truque velho que connosco não cola». Mas o apelo do dirigente do STBB vai para os credores: «Entendam-se rapidamente, pois os trabalhadores estão a perder a cabeça e não cedem a chantagens», avisa.

Liliana Machadinha

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