Aluna da Escola Básica e Secundária Dr. José Casimiro Matias, do Agrupamento de Escolas de Almeida, Ana Sofia Martins venceu as Olimpíadas Portuguesas de Biologia Sénior, destinadas a estudantes do 10º ao 12º ano. O triunfo valeu à jovem que quer seguir Medicina, a participação nas Olimpíadas Internacionais de Biologia, que decorreram em Bali (Indonésia) entre dias 6 e 13 deste mês.
Natural e residente em Almeida, a aluna do 12º A participou pela primeira vez nas Olimpíadas nacionais e a estreia não poderia ter sido melhor. Após as primeira e segunda eliminatórias ficou nos 50 melhores que depois passaram a 10, com a estudante de 18 anos a integrar o “top ten”. Foi para a cerimónia de entrega dos prémios, realizada no passado 7 de junho, no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, sem grandes expetativas, até porque «senti que aquilo me correu muito mal». Mas Ana Sofia Martins estava enganada: «Quando chamaram o segundo nome e não era eu, a minha professora já se estava a abraçar a mim, mas mesmo aí eu dizia que podia ter havido um engano até que apareceu o meu nome no primeiro lugar e eu não queria acreditar», recorda, pois «não estava mesmo nada à espera». Entre os diversos anos escolares, as Olimpíadas da Biologia tiveram mais de 16 mil estudantes de cerca de 400 escolas de todo o país.
Nas Olimpíadas Internacionais, que contaram com a participação de alunos de todo o mundo, a classificação da jovem almeidense não foi tão boa, pois não foi além do 214º lugar entre 238 concorrentes. A aluna explica que não encontrou «propriamente provas fáceis, porque nem sequer abrangeram matéria do secundário». Além disso, confessa que nas provas práticas teve «muitas dificuldades em controlar o tempo» e por causa disso acabou por fazer «a escolha múltipla mais “ao calhas” porque não tive tempo para ver com atenção». A estudante admite também que os nervos a prejudicaram «um bocadinho», nomeadamente «numa das práticas» em que cometeu «asneiras que eram completamente escusadas». No entanto, Ana Sofia Martins realça que foram mais três alunos portugueses a Bali e dois deles conquistaram medalhas de bronze, daí que o resultado de Portugal no geral tenha sido «muito bom», até porque foi a primeira vez que o país participou e «não é frequente logo no primeiro ano ganhar-se medalhas».
De resto, a experiência na Indonésia foi «fantástica» e «muito gratificante», pelos contactos com jovens de muitos países, incluindo os colegas portugueses, e com os anfitriões, mas também pelas atividades de que pôde desfrutar em Bali, como um safari ou ir à praia. Esta não foi a sua primeira experiência no estrangeiro, pois há dois anos já tinha ganho um concurso da “Ruta Qetzal” que lhe possibilitou ir à Colômbia com 250 jovens de diferentes países. Curiosamente, o gosto pela Biologia não é uma paixão antiga: «Há aquelas pessoas que desde os três, quatro anos, dizem que gostam muito disto ou daquilo, eu não. Cheguei ao 9º ano, era boa aluna a tudo e não fazia a mínima ideia do que gostava mais. Entretanto segui para Científicos porque me diziam que era o que tinha mais saídas. Este ano gostei muito da matéria de Biologia e acho que foi aí que comecei realmente a gostar mais», adianta a jovem. Com uma média de 18,6 valores, Ana Sofia Martins elegeu o curso de Medicina para prosseguir os seus estudos no ensino superior, mas ainda não tem um ramo predileto. O «ideal» mesmo era conseguir conciliar o «trabalho de investigação e de laboratório», que lhe interessa «bastante», com o acompanhamento de pacientes. Para alcançar notas tão altas, a jovem garante que tem que «se estudar muito e trabalhar bastante mesmo», mas não é por isso que deixa de ter tempo para estar com os amigos ou para «várias atividades extra», como a natação, o escutismo ou as aulas de guitarra.
Ricardo Cordeiro