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Covilhanenses queixam-se da pouca oferta cultural

Responsáveis de estruturas culturais defendem que a cidade precisa de mais diversidade e divulgação

Os covilhanenses consideram que a cidade devia ter mais diversidade cultural. Embora disponha de espaços preparados para espectáculos de teatro, música e exposições, a maioria da população queixa-se e diz que devia existir «muito mais». Alguns admitem mesmo que, muitas vezes, têm de se deslocar à Guarda e ao Fundão para ver um espectáculo de qualidade, lamentando a falta de espaços e de eventos na Covilhã.

Já as associações culturais falam da fraca adesão do público aos seus eventos. «A população está adormecida», diz Eduardo Cavaco, maestro da Banda da Covilhã, aludindo à oferta existente na cidade. «Actualmente, a vida cultural sofreu um grande impulso devido a uma maior preocupação da autarquia na elaboração da agenda cultural», acrescenta o dirigente, para quem a Covilhã está «a caminhar cada vez mais para a cultura». No entanto, acha que é necessário uma maior divulgação dos eventos. «É quase necessário ir buscar as pessoas a casa», ironiza, culpando as novas tecnologias, como os DVD´s, CD´s e outros. Num estudo realizado pelo semanário “Expresso”, intitulado “Classificação das melhores cidades portuguesas para viver em 2007”, a Covilhã ficou em décimo quinto lugar. Mas apesar desta boa classificação comparativamente a outras cidades do interior, alguns dirigentes associativos reclamam uma agenda cultural «mais diversificada». O que interessa é «mais espectáculos e com mais qualidade».

Sérgio Novo, da ASTA, diz que existe «vida cultural na Covilhã, o problema é que está de certa maneira adormecida», além de que os responsáveis deviam fazer «uma gestão de espaços». Já Rui Sena, director da Quarta Parede, considera que devia haver «mais organização» na agenda cultural, da responsabilidade da autarquia. «Misturam-se todas as acções, da cultura ao entretenimento e desporto, entre outros, quando poderia haver uma agenda para cada área», sugere. Este responsável reclama ainda mais apoios para os grupos, porque a realização de espectáculos depende disso. «Mas o que interessa é que as produções com qualidade sejam feitas na região», sublinha. E o que pensa a população da vida cultural da Covilhã? Jaqueline Baptista, pianista há 25 anos, garante que está «muito boa», mas lamenta a falta de adesão dos covilhanenses, pelo que desafia a autarquia a apostar numa maior divulgação dos espectáculos. «Há uma oferta razoável para uma cidade do interior. Os eventos são bem divulgados, só que as pessoas não aderem muito», concorda Maria Luísa Branco.

Um dos pontos mais referenciados pelos covilhanenses abordados, e também pelas instituições, é a falta de adesão do público e de hábitos culturais. «Acham que tudo o que é bom é feito fora e não na Covilhã», adianta Vanessa Silva, para quem «as pessoas só vão aos espectáculos se for algo de muito sucesso, do género do “Levanta-te e ri”». Por sua vez, Nuno Silva alerta para a necessidade da melhoria das condições do Teatro-Cine, «que tem vindo a degradar-se de dia para dia». Este recém-licenciado pela Universidade da Beira Interior sugere também «uma aposta na “cultura de rua”, com animação na cidade e grupos tradicionais, entre outros». No entanto, para Cristina Maximino, dirigente da EPABI, «é necessário haver uma fidelização de um público, porque os espectáculos existem até com alguma regularidade». Confrontado com estas opiniões, Carlos Pinto, presidente da Câmara, disse apenas não estar preocupado com a formatação da agenda, mas garante que «tem havido um esforço do município para fazer espectáculos» na Covilhã.

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