À semelhança do que acontece em municípios vizinhos, a Câmara da Covilhã está na corrida à exploração dos ventos que sopram na região. O executivo aprovou, na semana passada, em reunião extraordinária, a celebração de um acordo com a empresa espanhola ENEL – Union Fenosa Renovables para a implementação de torres de medição eólica no concelho. O protocolo resulta de um concurso público lançado no ano passado.
«Trata-se de um acordo que nos permitirá maximizar a produção eléctrica não poluente e, por outro lado, garantir rendimentos importantes para o município», salientou Alçada Rosa, vice-presidente do município. No entanto, o negócio «ainda não é definitivo», pois a empresa vai ter que candidatar-se à venda de energia à Rede Eléctrica Nacional. É que Portugal tem de aumentar até 2010 a sua capacidade de produção eléctrica a partir de energias renováveis para 39 por cento devido a uma directiva comunitária. No que diz respeito à energia eólica, o Governo traçou como meta uma produção de cerca 3.750 MW contra os 300 MW produzidos no final de 2003. O que implica que, na próxima meia década, o país tem de aumentar a produção em cerca de 500 MW por ano. «É um concurso que nos ultrapassa, mas estamos convictos que a empresa que seleccionámos vai ganhar», sublinhou Alçada Rosa, lembrando que a autarquia, as freguesias e os proprietários dos terrenos onde ficarem instaladas as torres de medição sairão «beneficiados» financeiramente com o negócio. Por enquanto, a autarquia ainda não sabe quantas torres serão colocadas nem os locais exactos para as medições.
Os bons ventos da região têm cativado muitos concelhos a apostar na energia eólica. É o caso do Sabugal, que tem já em funcionamento o parque eólico da Serra do Mosteiro com sete aerogeradores e uma potência de 9.1 MW. O investimento, na ordem dos 12 milhões de euros, é desenvolvido pela Tecneira – Tecnologias Energéticas, que, de resto, também é responsável pelo projecto de Penamacor, na zona de Santa Marta, Santo André e Charrinho. A instalação das torres está «para breve», adianta António Cabanas, vice-presidente da autarquia, e produzirá 100 MW «numa primeira fase ». Mas o objectivo é produzir qualquer coisa como 220 GMW de energia limpa daqui por uns anos através da instalação de uma linha de alta tensão entre Benquerença e o Ferro. O investimento situa-se entre os 85 e 120 milhões de euros e implicará 35 aerogeradores de dois MW de potência nas cotas mais elevadas das freguesias de Penamacor, Meimoa e Benquerença.
No Fundão, espera-se que os ventos da Gardunha tenham capacidade para produzir uma potência de 118 MW a partir do próximo ano, igualando assim os níveis de energia consumidos pelas populações dos concelhos do Fundão e Castelo Branco. O empreendimento, da responsabilidade da Generg, está orçado em 125 milhões de euros e prevê a instalação de 64 a 80 aerogeradores em três sub-parques eólicos na zona do Cabeço Alto, Maúnça e Zibreiro-Moeda. Será ainda instalada uma linha de alta tensão de 150 KV ligada à Rede Eléctrica Nacional, beneficiando assim as freguesias albicastrenses de S. Vicente da Beira e Almaceda e da Barroca, Castelejo, Souto da Casa, Bogas de Cima e Bogas de Baixo (Fundão). Também os concelhos da Guarda, Celorico da Beira, Manteigas e Trancoso têm em agenda projectos de instalação de parques eólicos, para além dos estudos desenvolvidos pela Enerarea- Agência Regional de Energia e Ambiente do Interior para todos os concelhos da Associação de Municípios da Cova da Beira.
Liliana Correia