O semanário “Expresso” classificou as melhores cidades portuguesas para viver em 2007. No topo do “ranking” destaca-se Lisboa, seguida de Guimarães e Évora, em igualdade com o Porto. Quanto à Beira Interior, a Covilhã é a primeira e aparece em 14º lugar, Castelo Branco está no 34º, surgindo a Guarda logo depois na 35ª posição. Um lugar pouco honroso, já que a seguir não existe nenhuma capital de distrito.
Durante quase dois meses uma equipa de jornalistas do semanário percorreu 50 cidades e classificou-as de acordo com 20 critérios de avaliação. Incluíram à partida todas as capitais de distrito do continente, além de Lisboa e Porto, Funchal (Madeira), Angra do Heroísmo, Horta e Ponta Delgada (Açores). Acrescentaram ainda um lote alargado de cidades de dimensão média para além destas, como Guimarães, Covilhã ou Caldas da Rainha, sem esquecer, por outro lado, as situadas abaixo da fasquia dos 17 mil habitantes, como Tomar, Lagos ou Chaves. «Não se trata de um trabalho científico, mas apenas jornalístico, o que não significa menos sério», explica Vítor Andrade, um dos autores do estudo. «Vale o que vale, mas é uma opção nossa, resultado da nossa sensibilidade e do nosso entendimento do país», acrescenta. O desempenho das cidades analisadas foram avaliadas através de critérios como as acessibilidades, sinalética, fluidez de tráfego, oferta cultural, espaços verdes, qualidade urbanística, comércio, relação com a água e a paisagem, equipamentos desportivos, estacionamento, segurança, animação nocturna, alojamento turístico, restauração, equipamentos sociais, património, governança e cidadania, capacidade de atracção estudantil, desempenho económico e qualidade dos espaços públicos.
Cada localidade recebeu uma pontuação de 0 a 100 em cada item. No final registaram-se alguns empates, pelo que o “ranking” chega apenas ao 40º lugar. Em primeiro lugar ficou Lisboa, seguida de Guimarães e Évora, em “ex-aequo”, com o Porto. Na cauda da tabela encontra-se Amadora, Barreiro e Portimão. Já, as cidades da Beira Interior ficaram longe do pódio, só a Covilhã brilhou. A “cidade neve” alcançou a melhor pontuação das 40 cidades com a “capacidade de atracção estudantil”. Apesar de estar no sopé da serra, a cidade ultrapassou «o estigma da interioridade com a criação da Universidade da Beira Interior, que cada vez atrai mais jovens de todo o país, que muitas vezes acabam por ficar quando terminam o curso», destaca o “Expresso”. Mas a Covilhã também ficou bem classificada quanto aos equipamentos sociais (70), segurança (65), desempenho económico (65), e ainda em relação à oferta cultural, acessibilidades, espaços verdes, estacionamento e animação nocturna (60). Menos bem pontuado ficou o seu património, bem como a governança e cidadania, ambos com 35 pontos.
Na Guarda, as acessibilidades (70), fluidez de tráfego (65), a segurança, equipamentos sociais e o património (60) foram os critérios mais bem cotados. Em contrapartida, a cidade mais alta do país “chumbou” na animação nocturna (25), restauração (30), oferta cultural, espaços verdes, qualidade urbanística, equipamentos desportivos, e ainda, em governança e cidadania (35). Feitas as contas, a Covilhã alcançou 1.100 pontos, o que lhe valeu o 14º lugar, Castelo Branco obteve 895 pontos, ficando na 34ª posição, e a Guarda apenas 875 (35º), logo seguida do Fundão, que somou 860 pontos. Uma “proximidade” que deixa muito mal a capital do distrito face à “capital” da Cova da Beira.
O “ranking” não agrada a todos
Esta classificação não foi muito bem recebida pela autarquia guardense. Para Virgílio Bento, vereador com o pelouro da Cultura, «o estudo não tem validade científica», disse em declarações à Rádio Altitude, desconfiando dos critérios utilizados, dando como exemplo, «a oferta cultural» que na sua opinião foi pouco valorizada. Por sua vez, a Câmara da Covilhã já se congratulou com o resultado alcançado através de uma nota de imprensa. «A Covilhã supera todas as cidades do interior em termos de qualidade de vida e situa-se entre as 15 melhores do país», sublinha o comunicado. Acrescentando, que «comparativamente a Castelo Branco, Guarda e Fundão, a Covilhã destaca-se em quase todos os parâmetros usados». Por tudo isto, «o estudo constituí o reconhecimento do trabalho desenvolvido pelos diversos sectores ao longo dos últimos anos e de que todos os covilhanenses se podem orgulhar», conclui.
Patrícia Correia