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Corta!

Mais um! Este é sem dúvida nenhuma um dos mais fantásticos anos para o cinema português, com vários filmes estreados de uma qualidade indiscutível. Depois do recente Noite Escura, estreia agora um novo candidato nacional para se intrometer nas listas dos melhores filmes do ano.

Que A Costa dos Murmúrios é uma adaptação de um livro de Lídia Jorge já todos devem saber. Que relata a presença portuguesa em Moçambique, na década de 60 e 70, também muitos saberão. E o que será que ainda não sabem? Talvez que tudo neste filme é bom. Com actores fabulosos; uma realização serena e de um bom gosto desarmante; acompanhada de uma fotografia que abraça na perfeição tudo o que vemos (e também o que não vemos, mas através dela, muitas vezes, pressentimos) diante de nós e uma banda-sonora ao melhor daquilo que nos habituámos a ouvir nos filmes com carimbo made in USA. Imperdível!

Fantasmas

Para os fãs de Shyamallan que possam ter ficado desiludidos com A Vila, eis uma nova oportunidade. De onde menos se esperava, chega uma história de fantasmas, com sexo e ligeiro clima de policial. Filme série B americano que daqui a uns anos estará a passar nas madrugadas das nossas televisões? Com actores tão desconhecidos que até caímos na tentação de imaginar que nem os próprios pais os conhecem? Nada disso. Falo de História de Marie e Julien, de Jacques Rivette, com a explosiva Emmanuelle Béart (que entrou há pouco no fraco Nathalie).

Para não cair em armadilhas, podendo, sem o querer, contar demasiado da estória, estragando o seu (importante) factor surpresa, resumo tudo dizendo que este pode ser considerado um cruzamento entre Vertigo (Hitchcock) e Sexto Sentido (Shyamallan), acrescentando eu ainda, se bem que a medo, que este filme tem o seu quê de Eyes Wide Shut (Kubrick).

De surpresa em surpresa, de revelação em revelação, passado mais de duas horas e meia de filme, deixamos para trás um objecto provocador de emoções mistas. Podemos nem ter a certeza, no fim, se gostamos ou não daquilo que vimos, mas indiferente não se fica. Je vous salut, Marie!

Maldição

Parecia ser desta, mas ainda não foi. Com publicidade nos jornais, e vários cartazes espalhados pelas ruas de algumas cidades, com data marcada para o passado dia 2 deste mês, Bad Santa, o último filme de Terry Zwigoff – que aqui no Corta!, depois de Ghost World, é considerado, no mínimo, Deus – viu a sua estreia adiada. Talvez para esta semana, ou talvez para nunca mais. O filme já tem uns anos e já esteve com estreia prevista e marcada no nosso país por imensas vezes, mas nunca esteve tão perto de estrear quanto agora. Esperemos que a maldição a que parece votado acabe rapidamente. Pelo sim, pelo não, já guardei uma caixa de postais do filme, distribuídos pela Castello Lopes, onde se pode ler bem a data de estreia. Se o filme não estrear é capaz de se tornar num objecto bem curioso. Alguém quer um?

Por: Hugo Sousa

cinecorta@hotmail.com

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