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Corantes & Pigmentos (II)

Mitocôndrias e Quasares

O corante mais antigo conhecido pelo homem, e relativamente resistente à luz, é o índigo. Tem com azul e a sua molécula é formada por quatro anéis encadeados que contêm, além de átomos de carbono, hidrogénio e oxigénio, dois átomos de azoto.

As faixas e os tecidos de cor com que se adornaram as múmias dos faraós, mostram-nos que, há mais de 4000 anos, os Egípcios dominavam a arte de tingir tecidos com índigo. Este conhecimento é ainda mais surpreendente, se se tem em conta que a obtenção do corante das plantas é um processo que requer várias fases.

O índigo a par da rubiácea, uma planta cultivada sobretudo na França, Bélgica e Turquia, eram muito importantes no mundo dos corantes. A rubiácea era utilizada para fabricar alizarina um corante muito utilizado, que servia as típicas calças vermelhas do exército francês.

Durante muito anos séculos, a cor violeta obtida com púrpura de Tiro foi considerada como o símbolo máximo do poder e da majestade. Os senadores romanos, imperadores reis e cardeais, todos deviam ostentar vestes cor púrpura. A púrpura obtinha-se das glândulas de um pequeno caracol, o Murex brandaris, que se encontra ao longo da costa mediterrânea. O rendimento da obtenção do corante é de 11,4 g por cada 12 000 caracóis!

É evidente a razão por que a verdadeira púrpura seja o corante mais valioso de todos os tempos.

Mais tarde no século XIX assiste-se ao desenvolvimento que teve como consequente crescimento da população que nela trabalhava. Este crescimento foi acompanhado por uma grande expansão da indústria têxtil. Os corantes naturais já não eram suficientes para satisfazer a indústria europeia.

O desenvolvimento das fibras sintéticas, além de representar um bom negócio para as empresas a elas dedicadas, impulsionou novos avanços e descobertas da química teórica e orgânica. A produção de corantes ocupou uma posição-chave na indústria química até, aproximadamente, 1920.

O primeiro corante artificial com aplicação prática foi descoberto, em 1855, por W.H. Perkin que, à época, trabalhava com o químico von Hoffman. Em 1849, a malária provocou a morte de milhares de cidadãos. Para combater este flagelo, von Hoffman defendia que era possível salvarem-se muitas vidas, caso de existisse quinina em grandes quantidades. Contudo, na altura, a quinina era um produto muito escasso, pelo que von Hoffman encarregou Perkin de fabricar artificialmente quinina, através da oxidação da toluidina, um componente do alcatrão.

Perkin devia ter compreendido a breve trecho que não iria ter êxito. Ao tentar a reacção com anilina (outro componente do alcatrão), obteve uma massa negra da qual podia separar, com ajuda do álcool, um corante cor púrpura turvo que denominou mauveína. Seguidamente, comprovou se servia para tingir tecidos. Com efeito, a cor da seda mudava de tom e resistia à luz solar. Perkin deixou imediatamente o seu trabalho e abriu um pequeno negócio no qual começou a fabricar corante em grandes quantidades.

Foi a partir do êxito de Perkin que por toda a parte começaram a trabalhar na síntese de corantes a partir do alcatrão e das fábricas proliferaram como fungos.

Por: António Costa

Corantes & Pigmentos (II)

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