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Coordenadora da Unidade Móvel de Oftalmologia exige pedido de desculpas

Maria do Rosário Araújo admite levar a tribunal os dois oftalmologistas do Hospital da Guarda que criticaram o funcionamento da viatura

Caso não haja um «pedido de desculpas públicas», Maria do Rosário Araújo, ortoptista e coordenadora da Unidade Móvel de Oftalmologia (UMO) do Hospital da Guarda, garante que vai avançar com processos na barra do tribunal contra Henrique Fernandes e José Varela. Recorde-se que na última edição de “O Interior” os dois oftalmologistas teceram duras críticas ao modo como a UMO está a laborar desde que entrou em funcionamento no final do mês passado.

«Exijo um pedido de desculpas feito publicamente sobre a carta aberta dada a conhecer na semana passada em que difamaram a minha profissão. Se não o fizerem durante a próxima semana vou avançar com um processo nos tribunais», avisa Maria do Rosário Araújo. A ortoptista diz ter sofrido alguma «pressão» dos sindicatos nos últimos dias para avançar com uma queixa judicial, mas a técnica está a «racionalizar e a tentar não ir para outro tipo de instâncias», isto se o pedido de desculpas for concretizado nos próximos dias. A actual coordenadora da UMO não quer deixar passar em claro o que foi proferido pelos dois oftalmologistas. «São autênticas barbaridades que põem em cheque a profissão de todos os técnicos, desde a radiologia, análises clínicas à farmácia», frisa. Por outro lado, Maria do Rosário Araújo invoca o decreto-lei nº 564/99, que estabelece o estatuto legal da carreira de técnicos de diagnóstico e terapêutica, onde ortoptista é alguém que está habilitado a promover o «desenvolvimento de actividades no campo de diagnóstico e tratamento dos distúrbios da modalidade ocular, visão binocular e anomalias associadas», assim como a «programação e utilização de terapêuticas específicas de recuperação e reeducação das perturbações da visão e da sub-visão».

De igual forma, é legislado que a carreira de técnico de diagnóstico e terapêutica «reflecte a diferenciação e qualificações profissionais», a fim de serem «exercidas com plena responsabilidade profissional e autonomia técnica». Outras capacidades reconhecidas são «assegurar, através de métodos e técnicas apropriados, o diagnóstico, o tratamento e a reabilitação do doente, procurando obter a participação esclarecida deste no seu processo de prevenção, cura, reabilitação ou reinserção social». Por ser um decreto-lei que «rege a profissão de todos os técnicos de diagnóstico», a ortoptista garante que «todos esses técnicos», como os fisioterapeutas, dietistas, de análises clínicas», entre outros, estão «revoltadíssimos». E considera que o conteúdo da carta subscrita por Henrique Fernandes e José Varela não passa de «aldrabices», já que «dizem que os técnicos não têm competência, quando não são eles que têm que dizer, mas sim a lei», sublinha. Maria do Rosário Araújo, que considera que as duas ortoptistas que estão a trabalhar na UMO foram «ultrajadas», garante que só quer por enquanto «um pedido de desculpas para reporem as nossas competências». Quanto ao prazo que estabeleceu para que o retractamento tenha lugar, aponta a próxima edição dos vários jornais que publicaram ou noticiaram o conteúdo da carta aberta.

Em relação ao funcionamento da UMO, garante que está «bem e recomenda-se», tendo já sido feitos rastreios a mais de 150 idosos de várias Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS’s) do distrito. Recorde-se que no comunicado emitido na semana passada, Henrique Fernandes e José Varela afirmam que o projecto da UMO «previa a deslocação ao terreno de médicos oftalmologistas», tidos como «os únicos profissionais habilitados, técnica e legalmente, a manipular alguns dos equipamentos existentes». Prosseguindo no rol de críticas, os dois especialistas realçaram que, nas circunstâncias actuais, «de sobrecarga funcional do serviço hospitalar correspondente, é impossível retirar qualquer benefício para a população à conta da UMO». Mas a lista de reparos não ficou por aqui, já que «limitando-se a mobilizar uma qualificação técnica menor, obriga os doentes suspeitos de algum tipo de patologia a deslocarem-se na mesma aos hospitais, o que poderia não suceder se fossem logo observados por médicos», consideram.

Ricardo Cordeiro

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