Arquivo

Continuar o legado de liberdade e solidariedade

Representação da Comissão Europeia em Portugal

Mário Soares dedicou a sua vida a lutar pela Liberdade e por muito do que, hoje, tomamos por adquirido, em especial o fazermos parte de uma Europa unida e em paz. E a melhor homenagem que lhe podemos fazer é valorizar e continuar a lutar por esse legado. Na altura da adesão à então CEE, em 1986, Mário Soares descreveu a União Europeia como «um espaço de liberdade, de respeito pelos direitos do Homem e de humanismo, mas também como uma entidade política, autónoma e coesa a que competirá uma ação de liderança moderadora na cena internacional em favor da paz». Mário Soares não esqueceu a responsabilidade portuguesa para com o projeto europeu: reconhecendo as vantagens evidentes da adesão do nosso país, sublinhou também o que o país pode dar ao projeto. «Portugal, contudo, não vai só receber com a integração europeia, vai também dar muito de si, vai contribuir com a sua velha cultura e o génio do seu povo para a construção europeia».

E é de sublinhar que, passados 30 anos, continua correto e atual. A União Europeia teve um papel determinante na modernização e no desenvolvimento de Portugal, e este, por sua vez, teve um papel importante de parceiro pioneiro e solidário em todos os grandes passos do projeto comum e continua a ter, agora, nas escolhas que a Europa vai ter que fazer nos próximos tempos. Para Portugal, a adesão à CEE, agora UE, representou e representa uma opção fundamental por um futuro de progresso e de democracia. Mas não é uma opção de facilidade. Embora abra largas perspetivas de desenvolvimento, exige de todos responsabilidade e participação. Uma atitude construtiva pelos valores mais importantes.

As novas gerações tomam por adquirido as oportunidades e os direitos que temos, mas recordando a vida de Mário Soares vemos que, há poucos anos, a nossa realidade era bem diferente e que a paz e prosperidade são bens frágeis. Mesmo os maiores países europeus tornam-se pequenos face às grandes empresas e a outros países. Só unidos podemos fazer vincar os valores europeus que tanta falta fazem ao mundo e proteger os nossos cidadãos. A União Europeia tem de reforçar a sua liderança no mundo e, para isso, temos de deixar de nos paralisar pelo medo e de cimentar o pilar central da União Europeia que é o da solidariedade: entre países, entre as pessoas, com uma base forte de direitos sociais. Portugal pode contribuir com o seu pragmatismo, as lições históricas de como esta pequena nação influenciou o mundo inteiro e a sua natural capacidade de colaborar e de apoiar.

«Honro-me de ter sido quem assinou, em nome do Governo da República, o pedido de adesão de Portugal à CEE, em Março de 1977. Oito anos depois (…), tenho agora a oportunidade histórica de subscrever o Tratado de Adesão». Mário Soares assinou o que se tornou a realidade que vivemos, mas que precisa que todos lutemos, diariamente, para melhorar, para completar e para manter o legado para as próximas gerações.

«Que este dia fique a assinalar na história da Comunidade Europeia uma data de bom augúrio para o futuro europeu, um futuro que desejamos solidário e de unidade, capaz de propiciar aos povos das Comunidades progresso e justiça social e de ser um fator de paz e de estabilidade no mundo conturbado dos nossos dias». Mário Soares continua a ter razão. Cabe-nos a nós, agora, continuar este legado.

Sobre o autor

Leave a Reply