As obras de ampliação e remodelação do Hospital da Guarda estão paradas desde 9 de abril e só serão retomadas quando foram pagos cerca de oito milhões de euros de dívida ao consórcio construtor Edifer/Hagen. Contudo, a Unidade Local de Saúde (ULS) adianta que o montante em falta está a ser «discutido e reavaliado».
Fonte oficial da Edifer garantiu a O INTERIOR que, «embora a suspensão dos trabalhos tenha implicado a desmobilização de todos os meios humanos, técnicos e de subempreiteiros, o ACE Construtor retirará a suspensão dos trabalhos e retomará a produção em obra logo que a dívida vencida seja paga». A mesma fonte sublinha que as razões que levaram o consórcio a suspender todos os trabalhos em curso devem-se, «em exclusivo, à interrupção de pagamentos por parte da contratante [ULS da Guarda]», sendo que a dívida que ronda os oito milhões de euros engloba «valores respeitantes quer à primeira, quer já à segunda fase de construção do projeto». De resto, o mesmo interlocutor adianta que a segunda fase dos trabalhos «já foi iniciada» e que se encontra «consignada parcialmente», uma vez que o contrato dessa empreitada está assinado «para a totalidade da obra», no valor de perto de 50 milhões de euros.
Questionada se acredita que a segunda fase possa decorrer com normalidade, a mesma fonte reforça que «o ACE Construtor retirará a suspensão dos trabalhos e retomará a produção em obra logo que a dívida vencida seja paga». Contactada por O INTERIOR, fonte da ULS da Guarda revelou que, «apesar do consórcio apontar oito milhões de euros como o montante em dívida, esse valor está a ser discutido e reavaliado por uma comissão multidisciplinar», escusando-se a tecer mais comentários. Já na altura em que os trabalhos foram suspensos, a ULS defendeu que a «paragem por iniciativa do consórcio não se justifica porque as obras da primeira fase estão praticamente concluídas», dizendo que «a única coisa em falta é a adaptação dos espaços onde serão instalados os equipamentos de Raio X e Imagiologia». Por isso, a ULS lamentou «a posição do consórcio, uma vez que todo o projeto está a ser reapreciado junto da Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) e isso era do conhecimento do mesmo».
O montante em dívida «não chega» a oito milhões de euros, envolvendo verbas da primeira fase e algumas da segunda, para além de «custos com trabalhos a mais, revisão de preços e erros e omissões do projeto», sendo que «se não fosse esta situação, o que falta pagar do custo inicial da primeira fase não chegaria aos dois milhões de euros». A mesma fonte oficial garantia que o Conselho de Administração da ULS estava «a envidar todos os esforços para que a primeira fase seja entregue no mais curto espaço de tempo possível, até porque consideramos que esta é a obra mais importante da Guarda e do distrito nas últimas décadas». Recorde-se que as obras também estiveram paradas em dezembro do ano passado devido a uma dívida de 12 milhões de euros, tendo recomeçado em janeiro após terem sido pagos seis milhões.
Ricardo Cordeiro