Arquivo

Consequências

Crónica Política

Caros leitores, tinha prometido que este ano todas as minhas crónicas seriam sobre ideias para a Guarda, no entanto, face aos acontecimentos vejo-me obrigado a faltar com essa promessa.

Como é sabido, o PS perdeu no passado domingo as eleições autárquicas, aliás, não só perdeu como sofreu uma derrota pesada. Embora continue a achar que a Guarda fez uma má escolha, a realidade é que os números são expressivos.

A política e a democracia são assim, tanto na vitória como na derrota devemos assumir as nossas responsabilidades, este é um princípio basilar do sistema democrático e só não o entende quem não é democrata.

Embora o tenha feito logo na noite de domingo, não posso de deixar a oportunidade de felicitar democraticamente Álvaro Amaro, a nova equipa de vereadores e o PSD pela vitória alcançada. Cá estarei, 12 anos depois de, pela primeira vez, ter tomado posse na Assembleia Municipal com a mesma determinação e espírito de lutar pelo bem da Guarda, embora agora numa condição bem distinta.

No entanto, também não podia deixar de publicamente expressar o meu apreço a José Igreja. Meu caro amigo, ao longo dos últimos meses tive o privilégio de conviver consigo, de o conhecer melhor. Pude testemunhar as suas qualidades humanas e partilhar o “fair-play” com que encara a vida. A derrota não é sua, é de todos aqueles que sendo verdadeiramente socialistas se empenharam na construção de um projeto que só pecou por não ter sido escolhido por um maior número de guardenses.

É certo que a derrota é pesada, muito dura mesmo, pela dimensão dos números, mas todos os que estivemos neste processo podemos, de cabeça erguida, dizer que perdemos politicamente mas não perdemos a nossa dignidade política nem pessoal. Poderão todos dizer o mesmo?

Ganhou o PSD ou perdeu o PS? Ganhou a vontade de mudança, ou foi o espírito de vingança que prevaleceu? Ainda é tudo muito recente para se responder a estas perguntas, ficam como desfio aos comentadores dos nossos órgãos de comunicação social, que tanta influência tiveram nestas eleições.

Mas o domingo não trouxe só más notícias, o PS teve a maior vitória de sempre nas eleições autárquicas. Este foi um verdadeiro cartão vermelho ao Governo, mas longe vão os tempos em que os governantes retiravam ilações dos atos eleitorais. Hoje, impera um sentimento de manutenção do poder pelo poder, a todo o custo, mesmo que os resultados sejam expressivos. Até quando? Até o povo não aguentar mais, e aí, sinceramente, não sei o que irá acontecer.

Os resultados da noite de domingo levaram a que, em coerência com a minha maneira de ser e de estar na política e na vida, tenha anunciado que iria pedir a demissão do cargo de presidente da Comissão Política Concelhia da Guarda junto dos órgãos competentes do meu partido. Foi uma decisão meramente pessoal. Não posso deixar de agradecer aqui as muitas mensagens de solidariedade que tenho recebido.

Este espaço de comentário político é destinado aos dirigentes dos órgãos locais de cada partido, estando eu demissionário não faz sentido continuar a ocupar este espaço. Pessoalmente, foi com prazer que escrevi este conjunto de crónicas onde tentei transmitir uma ideia positiva da Guarda, onde, em nome do PS, tentei sempre olhar para o futuro e prender-me pouco ao passado. Caro Leitor, foi um prazer “estar” consigo mensalmente neste espaço. Até um dia!

Por: Nuno Almeida, presidente da concelhia da Guarda do PS

Sobre o autor

Leave a Reply