O Conselho de Ministros aprovou na última quinta-feira a saída do município do Fundão da Região de Turismo da Serra da Estrela (RTSE), quase um ano depois de ter sido expressa essa vontade pelo executivo camarário e a Assembleia Municipal. Recorde-se que em meados de Julho, os órgãos municipais fundanenses aprovaram a saída daquele organismo turístico por se sentirem discriminados. Depois de ter criado a Fundão Turismo – Empresa Municipal, o passo seguinte consistirá na instituição da Junta de Turismo, o que deverá acontecer esta segunda-feira na presença do secretário de Estado do Turismo, Luís Correia da Silva.
Para além de aprovar projectos e concorrer a fundos comunitários, a Junta de Turismo – que já foi aprovada em Conselho de Ministros – deverá ter um «papel regulador, fiscalizador e orientador da actividade turística», explica Manuel Frexes, autarca local. Tirar proveito dos recursos naturais e das características endógenas do concelho, como a gastronomia, o artesanato ou a natureza da Serra da Gardunha, são os principais propósitos, recuperando desta forma recursos desaproveitados ou em risco de desaparecer. Além disso, com a criação da Fundão Turismo e da Junta, o município espera conquistar um posicionamento «pro-activo» na identificação e promoção de objectos interessantes para o desenvolvimento do concelho. Para o presidente do município, o Fundão «é mais conhecido em dois anos de trabalho da Câmara do que pela RTSE. A Região de Turismo não defendia os interesses do Fundão. Não havia promoção do concelho nem dos recursos endógenos», acusa, reafirmando desconhecer os projecto que beneficiassem o Fundão.
Esta alegada discriminação foi, aliás, a justificação apontada pelo executivo para abandonar aquele organismo, tendo em conta a não inclusão do concelho nos diversos projectos candidatados aos fundos comunitários, como aconteceu com o “Turismo no Coração da Península” que a RTSE candidatou ao Interreg III com Castela e Leão para revitalizar 11 centros históricos portugueses e um espanhol. Após a aprovação da saída da RTSE, a autarquia criou a Fundão Turismo, uma empresa municipal que pretende investir ao longo deste ano 1,8 milhões de euros para que o concelho seja um destino turístico para todo o ano a partir de 2005. A recuperação da Antiga Moagem e do Palácio do Picadeiro, em Alpedrinha, a requalificação do espaço da antiga Lavaria das Minas da Panasqueira (Projecto RIO), a recuperação de solares, quintas e palácios, as rotas das Aldeias e do Xisto, o Posto de Turismo, a campanha promocional à volta da cereja, os Planos de Aldeia e de Salvaguarda são os “pontos-chave” da promoção turística do concelho. «Hoje em dia o Fundão tem relevância e projecção. Não somos um concelho menor», refere Frexes, assegurando que o município «tem crescido e tem cada vez mais investidores».
Liliana Correia