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Conselho de Arbitragem da AFG demite-se

Decisão foi tomada depois de os árbitros não terem comparecido aos jogos dos Distritais da Guarda no último fim de semana

Liderado por José Relva, o Conselho de Arbitragem (CA) da Associação de Futebol da Guarda (AFG) demitiu-se no início da semana. A decisão foi tomada depois de os árbitros não terem comparecido aos jogos dos diversos escalões dos campeonatos distritais no último fim de semana. A razão deste “boicote” prende-se com o castigo aplicado pelo Conselho de Disciplina (CD) ao treinador do Estrela de Almeida que, na jornada anterior, terá agredido o árbitro Pedro Martins.

Na reunião de dia 22, o CD da AFG decidiu suspender por 30 dias o técnico José Albano e multá-lo em 100 euros pela suposta agressão ocorrida no jogo com o Pala, que terminou com a vitória da equipa do concelho de Pinhel por 2-0. No espaço de três dias, a direção do Núcleo de Árbitros de Futebol da Guarda emitiu dois comunicados a dar conta da sua insatisfação. No primeiro, datado de sexta-feira, aquela organização considera «demasiado desajustada» a decisão tomada pelo CD e pede a abertura de um processo de inquérito ao jogo para apurar as «devidas responsabilidades». Por outro lado, os árbitros exigiram ainda a demissão do CD. Já na segunda-feira [após a jornada], o mesmo NAFG comunica ter sido decidido, em assembleia de árbitros realizada na sexta-feira, fazer uma «jornada de solidariedade» com o colega agredido e um «protesto simbólico» contra a decisão do CD que se traduziu na não comparência dos árbitros aos jogos para que tinham sido nomeados. Em comunicado, o Núcleo esclarece que a medida não deve ser vista como «uma falta de respeito ou de consideração para com os restantes intervenientes no nosso futebol/futsal distrital, mas sim como uma chamada de atenção para a insegurança e falta de penalização do prevaricador a que todos estamos sujeitos».

Liderado por Manuel Pinto, o NAFG acrescenta que «não pode tolerar que uma cabeçada no peito seja julgada através do artigo 57, “da interferência no jogo”, ao invés do artigo 67, “das agressões”», constatando ainda que, «ao contrário dos clubes, diretores, jogadores e delegados, os árbitros não podem apresentar recurso das decisões/penalizações que não incidam sobre os próprios». Por último, os árbitros garantem ter tomado esta decisão «cientes do risco» de eventual penalização a que podem estar sujeitos, mas dizem ter agido «motivados pelo facto da situação ser grave demais para ser esquecida».

Um dia depois, em comunicado enviado às redações e assinado por José Relva, Alípio Gonçalves, António Ferreira e Rui Badana, o CA afirma que não pode «deixar de partilhar a preocupação dos nossos árbitros em função do ocorrido na semana transata», salientando que «numa altura em que muito nos esforçamos para diminuir despesas aos clubes e poder realizar jogos sem policiamento, este é um “passo atrás” face a todos os progressos que tinham sido obtidos». Os elementos que compõem aquele órgão consideram ainda ser «compreensível que os árbitros não se sintam seguros e que tenham manifestado o seu desagrado». Por isso, o CA sustenta que decidiu «aceitar as justificações dos árbitros para a ausência aos jogos» do passado fim de semana e enviar ao presidente da Assembleia Geral da AFG o seu pedido de demissão. Ainda assim, o CA demissionário mostra-se disponível para «assegurar a gestão do órgão» até à eleição do novo Conselho de Arbitragem, solicitando «uma transição o mais próxima possível».

No domingo, na página de facebook do Estrela de Almeida, o clube da IIª Divisão Distrital emitiu um comunicado, assinado pelo presidente António Albano Soares, onde lamenta o «incómodo causado» a todos os intervenientes nos jogos agendados para o passado fim de semana.

Ricardo Cordeiro Árbitros não se conformam com 30 dias de suspensão e 100 euros de multa ao técnico que terá agredido Pedro Martins

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