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Congresso abre a porta para o passado sefardita da região

Várias personalidades internacionais estiveram presentes no primeiro dia do encontro, no âmbito do I Festival Internacional da Memória Sefardita, que termina no domingo

O presidente da comunidade judaica de Belmonte acredita que o I Congresso Internacional da Memória Sefardita, que começou na passada terça-feira no Teatro Municipal da Guarda, «vai fazer com que o poder político olhe de outra forma para a questão judaica».

À margem do congresso, que se realiza no âmbito do I Festival Internacional da Memória Sefardita, António Mendes referiu que o «poder político acordou há pouco tempo para a causa judaica, portanto, ainda há muito por fazer». O representante da comunidade judaica esclareceu que em Belmonte não há razões de queixa relativamente à atenção que a autarquia tem dado ao assunto, mas sublinhou que ainda há lacunas por preencher. A criação de um matadouro e restaurante “kosher” é uma delas. «A comunidade judaica de Belmonte quer um matadouro próprio onde possa abater os animais de acordo com as regras da religião» para depois se criar «um restaurante “kosher”, que faz falta ao turismo da região», defendeu o dirigente. De resto, António Mendes mostrou-se satisfeito com o primeiro dia de palestras, sobre o tema “Os Sefarditas portugueses e a globalização”, mas referiu que é necessário mais participantes no congresso.

De acordo com Isaac Assor, responsável da “Alegretur”, uma das entidades responsáveis pela organização do festival, estiveram presentes cerca de 200 pessoas no primeiro dia. Este será, aliás, o número expectável para nos restantes, sendo que o festival termina no próximo domingo. Há um ano, quando o encontro começou a ser pensado, «a expectativa era muito alta» e agora, num balanço de primeiro dia, acredita que esta iniciativa cria condições para a existência de um verdadeiro «turismo cultural de herança judaica em Portugal», afirmou Isaac Assor. Já o presidente do Turismo Serra da Estrela, Jorge Patrão, destacou a «credibilidade» e a «internacionalização» da herança judaica portuguesa, que será possível através deste congresso. «Estão aqui líderes económicos e culturais de todo o mundo e isso conta muito para a região da Serra da Estrela, porque eles vão levar lá para fora a mensagem, as conclusões daquilo que ouviram», considerou.

Segundo Jorge Patrão, tem sido «um erro» não explorar melhor esta temática e, por isso, defendeu mais uma vez, na sua intervenção, a ideia de criar uma rede nacional de judiarias para «fazer o levantamento do património português sefardita», recuperando assim as memórias dos judeus que se viram obrigados a praticar a religião em segredo e a fugir para outros países devido à Inquisição. “A fronteira da vida de Aristides de Sousa Mendes” e o “Impacto da herança judaica no turismo” são os temas que estarão hoje em debate no congresso. António de Sousa Mendes (neto do cônsul português em Bordéus), Miriam Assor (jornalista), Antonieta Garcia (Universidade da Beira Interior) e Antonio Miguez Amil (Rede de Judiarias de Espanha) serão alguns dos oradores presentes. O festival inclui ainda a apresentação do Centro de Interpretação Judaica Isaac Cardoso, hoje em Trancoso, e um concerto de encerramento pela Orquestra Clássica da Beira Interior.

Catarina Pinto

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