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Congelamento de vagas traz «uma melhor gestão e organização»

Responsáveis do IPG e da UBI mostram-se a favor das medidas anunciadas pelo Governo para o ensino superior

A intenção do Ministério da Educação em congelar o número de vagas nos cursos do ensino superior no próximo ano letivo tem parecer favorável do presidente do Instituto Politécnico da Guarda (IPG), Constantino Rei, como do reitor da Universidade da Beira Interior (UBI).

João Queiroz afirma tratar-se de uma medida «normal e desejável», que vem «dizer às instituições para fazerem uma gestão e uma organização coerente dos seus cursos e das respetivas vagas». O reitor defende que o Governo «fez bem» em incluir os níveis de empregabilidade na questão das vagas, considerando que «é um sinal de que temos de olhar para esses números de uma forma cada vez mais profissional». A mesma opinião é partilhada por Constantino Rei, para quem há, no entanto, «alguma falta de coerência» nesta medida, defendendo que a tutela «poderia e deveria ter ido mais longe». O presidente do IPG afirma que a redução das vagas não deveria ficar só pela Educação Básica, pois também há cursos de Direito, por exemplo, «com uma elevada taxa de desemprego e que continuam a oferecer um número alargado de vagas».

O congelamento de vagas é uma medida que «não preocupa o IPG» porque, «infelizmente, já não temos ocupado a totalidade das vagas disponíveis», recorda Constantino Rei. Além disso, a redução exigida pelo Governo «acaba por ser mais voluntária do que imposta», adiantando que o Politécnico vai suprimir 28 vagas em três cursos no próximo ano letivo. Educação Básica terá as suas vagas reduzidas em 20 por cento, conforme estipulado pelo Governo (oito vagas), enquanto os cursos em regime pós-laboral de Contabilidade e Gestão de Recursos Humanos deixarão de existir, libertando 20 vagas. O presidente do IPG justifica a decisão com o facto do mercado pós-laboral estar «esgotado» e revela que o Instituto não vai redistribuir estas vagas por outros cursos. «Não adianta atribuir mais cinco vagas a Engenharia Civil quando sabemos de antemão que não serão preenchidas as 35 que já existem», exemplificou.

Na UBI, João Queiroz afirma que o número de vagas deverá manter-se relativamente ao ano passado. «A minha proposta irá no sentido de manter os mesmos cursos, com as mesmas vagas do concurso nacional de acesso do ano anterior», declarou.

Taxa de desemprego ronda os 18 por cento no IPG e na UBI

Uma das condições impostas pelo Governo para o aumento de vagas obriga as universidades e politécnicos a provarem a empregabilidade dos cursos. Neste âmbito, o Ministério da Educação disponibilizou, no site da Direção-Geral de Ensino Superior (DGES), um documento com os respetivos valores de empregabilidade. No caso do IPG, verifica-se que Design de Equipamento é o que tem menor empregabilidade, com uma taxa de desemprego de 29,6 por cento nos licenciados que se graduaram entre 2008 e 2011. Seguem-se as licenciaturas em Engenharia do Ambiente (20,8 por cento) e Animação Sociocultural (20,6). Do outro lado da tabela, o curso de Enfermagem é aquele que oferece maior garantia de emprego, com apenas 1,6 por cento de desempregados. Gestão Hoteleira e Engenharia Informática, com 5,3 e 7,9 por cento, respetivamente, estão também entre os cursos com menores taxas de desemprego.

No geral, a taxa de desemprego dos licenciados pelo IPG nesse espaço temporal é de 18,4 por cento, enquanto nos diplomados entre 2001 e 2010 era de 10 por cento. A este respeito, Constantino Rei confessou-se «mais preocupado com o desemprego a nível nacional do que com o caso concreto do IPG», destacando que «esse não é diferente do resto das instituições do país». O presidente do Politécnico afirmou ainda que «há valores claramente incorretos» nas estatísticas do Ministério, sustentando que «alguns números mais elevados são fruto da conjuntura», mas que «temos de olhar para a realidade». E a realidade, segundo Constantino Rei, mostra que «mais vale um desempregado licenciado do que um desempregado analfabeto», uma vez que «a taxa de desemprego dos licenciados é inferior à média nacional» e que, por isso, «compensa ter um curso superior».

Na UBI, a taxa de desemprego dos licenciados entre 2008 e 2011 é semelhante à do IPG, situando-se na ordem dos 18 por cento, e descendo para 9,1 nos licenciados entre 2001 e 2010. Nos cursos com menor empregabilidade destaca-se Ciência Política e Relações Internacionais. Segundo os números da DGES, em cinco diplomados, três estão inscritos em Centros de Emprego, o que se traduz numa percentagem de 60 por cento. Seguem-se Design Multimédia (23,2 por cento), Economia (21,2 por cento), e Design Industrial (20,6 por cento). Nos cursos de maior empregabilidade, encontram-se as licenciaturas em Ciências Biomédicas (1,1 por cento), Engenharia Informática (3,1 por cento) e Engenharia Eletrotécnica e de Computadores (3,7 por cento), sendo que não há dados disponíveis relativamente a Medicina e Ciências Farmacêuticas.

João Queiroz justifica a alta percentagem do curso de CPRI com o facto de ser «uma licenciatura recente, que produziu agora os primeiros licenciados», lembrando que «provavelmente, a maioria destes até seguiu para mestrado e por isso não conta para a estatística». Ainda assim, o reitor referiu que a universidade «estará atenta à evolução destes valores». Em relação aos restantes cursos, o responsável máximo da UBI diz que, no geral, a universidade tem «uma taxa de empregabilidade de 91 por cento», e que por isso está «satisfeito».

Fábio Gomes Politécnico da Guarda vai reduzir 28 vagas em três áreas no próximo ano letivo

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