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Confraria quer levar sardinha doce de Trancoso ao mundo

Doce de origem conventual continua por certificar como Especialidade Tradicional Garantida

A Confraria da Sardinha Doce foi oficialmente criada no último sábado, numa cerimónia de entronização que decorreu no Convento de São Francisco, naquela cidade, e que juntou cerca de 30 confrades. Para o vice-presidente da direção, Luís Canaveiro, este dia representou um primeiro passo para «a divulgação do doce conventual além fronteiras».

O recheio com gemas de ovo, o açúcar, a massa tenra, o chocolate, um ligeiro travo a amêndoa e canela e a forma a fazer lembrar uma “sardinha” têm feito as delícias de muitos curiosos que passam por terras de Bandarra ao longo dos anos. Com a constituição da Confraria, pretende-se agora que este doce secular seja mais conhecido e divulgado no resto do país: «Temos muita gente que nos procura e havia a necessidade de oferecer um produto com as melhores condições, para que depois essas pessoas o divulgassem noutros sítios», explicou ainda Luís Canaveiro. Foi também este compromisso de promoção da sardinha doce que a presidente da Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas destacou na sua intervenção. «Vejo sempre muita gente nos dias de festa, mas estes dias são talvez os menos importantes. O compromisso que assumem hoje é o de levar pelo país fora e se possível para o estrangeiro aquilo que são as vossas referências culturais, neste caso a sardinha doce», defendeu Madalena Carrito.

Várias personalidades da região responderam ao repto e aceitaram o desafio de promover o doce de Trancoso pelo mundo. Além do presidente e dois vereadores da autarquia, o Governador Civil da Guarda também foi nomeado confrade. Santinho Pacheco entende que se deve «aproveitar a gastronomia da região», nomeadamente para competir no mercado espanhol. «Já que nem sempre podemos competir em termos de património arquitetónico, devemos apostar na revitalização dos produtos da terra», levando-os até ao país vizinho, defendeu. Além disso, o representante do Governo no distrito acredita que através da Confraria será possível promover também «outras iguarias de caráter mais popular». Santinho Pacheco decidiu, por isso, aceitar o convite. «Não podia dizer não a este desafio. Sinto-me bem entre as gentes de Trancoso e considero que este é o único doce conventual de renome nacional no distrito», afirmou ainda.

A sardinha doce de Trancoso ainda não está certificada como Especialidade Tradicional Garantida (ETG), embora o pedido já tenha sido feito pela AENEBEIRA – Associação Empresarial do Nordeste da Beira – em 2006. A história deste doce conventual remonta ao século XVII, altura em que freiras do Convento de Santa Clara o terão “fabricado” pela primeira vez, mas na região correm lendas que recuam ainda mais no tempo. «A lenda também refere que as sardinhas doces poderão ter estado num manjar real aquando do casamento de D. Dinis com D. Isabel de Aragão, aqui em Trancoso no século XIII», lembrou o presidente da Câmara, Júlio Sarmento. Na cerimónia de entronização da Confraria, que conta até ao momento com cerca de 50 membros, foram também nomeados confrades o coordenador da Raia Histórica, Sales Gomes, o advogado Amaral Veiga, Santos Costa e Emília Pragana, entre outros.

Catarina Pinto Cerimónia de Entronização decorreu no Convento de S. Francisco

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        Trancoso ao mundo

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