A dissidência da Guarda acentua-se em relação à ComurBeiras. A Câmara vai estar «de forma passiva» na Comunidade Urbana das Beiras e aguardar pelo seu fim. O epitáfio foi traçado, na segunda-feira, por Joaquim Valente, que continua irredutível quanto à necessidade da comunidade, ainda para mais com a perspectiva de um novo processo de regionalização. «Estou convencido que desaparecerá, mais tarde ou mais cedo», disse o presidente, recusando, no entanto, a ideia do município abandonar esta entidade supramunicipal.
Estas declarações surgem uma semana depois de Carlos Pinto ter manifestado a intenção da Junta indigitada reunir com os contestatários para esclarecer todas as dúvidas e saber com quem vai contar daqui para a frente. Para além de Valente, na lista dos contactos estão ainda José Monteiro (Celorico) e Júlio Sarmento (Trancoso). No entanto, o autarca da capital de distrito já veio dizer que a ComurBeiras «não é capaz de encontrar soluções» para os problemas dos municípios que a constituíram em Junho de 2004. «Então pergunto para que serve?», interroga-se, admitindo que a comunidade existe do ponto de vista legal e que «assim será enquanto não houver outra solução». Ou seja, até à regionalização: «Ela vem aí – e muito bem, pois já tarda em chegar. Pelo contrário, a ComurBeiras não vem substituir o quadro político regional», considera. É mais uma acha para a fogueira que está a consumir paulatinamente a comunidade criada pelos municípios de Figueira de Castelo Rodrigo, Pinhel, Sabugal, Belmonte, Penamacor, Almeida, Covilhã, Guarda, Celorico da Beira, Mêda, Trancoso e Manteigas.
A divisão está cada vez mais clara. É que o edil da Covilhã, e presidente indigitado da Junta, entende o contrário. Como o próprio disse após a reunião de Almeida, na semana passada, a regionalização «não é incompatível» com a comunidade: «Antes pelo contrário, estes agrupamentos serão necessários para apresentar projectos de raíz supramunicipal e nada melhor que uma comunidade urbana para o fazer», sublinhou, lembrando que as autarquias serão cada vez menos os destinatários dos fundos comunitários. Nessa última reunião, apenas seis dos 12 municípios constituintes acordaram agendar para 19 de Maio a tomada de posse dos órgãos dirigentes. Nessa altura, uma nova lista para a Assembleia deverá ser eleita em todos os concelhos, seguindo-se a tomada de posse da Junta, cujos elementos são os presidentes da Covilhã, Belmonte e Almeida.
Luis Martins