A Comurbeiras não existe. É uma brincadeira. Antes de mais, uma brincadeira do PSD que não queria regionalizar, mas queria brincar às regiões. Uma brincadeira para alguns líderes, ou melhor, dirigentes locais, pouco interessados na região-território e mais preocupados em demarcar a sua região de influência. Depois duma brincadeira formal, com eleições de brincar e brincadeira nas eleições.
O projecto desta comunidade urbana sempre foi débil. Nunca foi explorado todo o potêncial das associações de municípios, mas agora esta nova “associação” comunitária iria resolver todos os problemas e cumprir todos os seus objectivos.
Falhou logo no primeiro – pôr a região a falar em uníssono.
Discursos desencontrados, verborreia política. Desuniões. Vaidades pessoais e orgulhos políticos impediram uma comunidade de alguma dimensão e capacidade crítica. Foi a primeira crónica de uma morte anunciada. O regresso à ideia de uma regionalização “a sério” foi a certidão de óbito.
A eleição de Carlos Pinto para presidente foi outra situação caricata. A candidatura foi avançada por Amândio Melo e assumida pelo próprio. A sua eleição, não lhe retirando os créditos, foi conseguida por desinteresse de uns e falta de coragem de outros – que o contestaram nos corredores, mas foram incapazes de o enfrentar no devido sítio.
Desde o início foi um líder mal-amado. Criticado. E foram feitas juras políticas de que ele nunca assumiria a presidência. A contestação encapotada não demorou. Muitos autarcas foram minando a Comunidade por dentro, esvaziando-a pelo desdém com que sempre foi tratada. Exemplo disso, a falta de empenhamento em eleger elementos para a Assembleia.
Para além das críticas veladas e de outras mais públicas como as de Celorico ou da Guarda, a verdade é que nenhum concelho pôs preto no branco a sua decisão de abandonar esta comunidade que nada representa de comum. Não há uma luta comum em defesa das maternidades. Não há uma luta comum na defesa dos intercidades. Não há uma luta comum para nada e, em breve, muito em breve, as desavenças vão ser ainda mais notórias…
Vamos então continuar a brincar às comunidades?
Quem não quer assumir este projecto porque não o diz claramente? Porque não clarificam a sua posição e colocam um ponto final sobre a mesa? Porque não assumem a sua decisão?
Por outro lado, o Presidente ‘eleito’ está a queimar em “lume brando”. Carlos Pinto deve entender que não há prestígio em ser presidente de algo que não existe. Salvaguardando a sua imagem, deve sair com dignidade, acabando com esta agonia e pondo fim a algo que não existiu.
PS: Agora falta legalizar o aborto….
Por: João Morgado
Director www.kaminhos.com