Em Outubro de 2002, o Presidente da Câmara da Covilhã lançava o repto da criação de uma Comunidade Urbana, agregando municípios da Beira Interior. Desde então, o autarca tem mantido a liderança do processo, que culminou, há dias, com uma reunião em Belmonte, em que os concelhos da Cova da Beira, incluindo Penamacor, e a maioria dos concelhos do distrito da Guarda, acordaram a formalização da Comunidade Urbana.
A passividade da Câmara da Guarda neste processo, realça uma vez mais a falta de audácia e de ambição dos nossos responsáveis autárquicos, andando basicamente a reboque de outros, e vinculando a posição da Guarda sem, ao menos, discutir o assunto em sede de executivo municipal.
Porém, o que mais importa, agora, é o consenso gerado na delimitação da futura Comunidade. Acordou-se associar o distrito da Guarda à Covilhã, estabelecendo-se como limite à Comunidade Urbana a fronteira natural da Gardunha. Verte-se em acordo, assim, a Serra da Estrela como denominador comum da agregação dos vários municípios.
Mas é exactamente por haver sido reconhecido este princípio, que a adesão dos concelhos da corda da Serra que ainda não declararam a sua posição – Seia, Gouveia e Fornos de Algodres – é simultaneamente lógica e necessária. Seria um erro não reconhecer as afinidades e sinergias desta região, tendo a Serra da Estrela como pano de fundo.
O desiderato prosseguido com a criação desta nova organização administrativa plurimunicipal das Comunidades Urbanas, é, em primeiro lugar, gerar as condições para um eficaz planeamento regional, tendo como pressuposto, territórios homogéneos, com orientações estratégicas comuns. Por isso esta é a melhor altura para questionarmos as bases do nosso desenvolvimento.
Ainda que a Guarda, no passado, nada tenha beneficiado da imagem de cidade de montanha, ligada à Serra de Estrela, a importância deste nexo é reconhecida por Daniel Bessa, no PRASD. E se dúvidas tivéssemos relativamente ao potencial desta ideia, bastaria constatar o afluxo esmagador de turistas nos últimos fins-de-semana prolongados, agora que, em boa hora, foram concretizadas as apostas da autarquia da Covilhã, de investimento em infra-estruturas na Serra da Estrela.
Claro que o desenvolvimento da Guarda não deve reduzir-se a este eixo. Como bem refere o Presidente da Câmara do Fundão, o PRASD é redutor, não aprofundando outras potencialidades da região. Aliás, acrescento eu, as recomendações deste Programa aproveitam mais à Cova da Beira do que têm em conta as especifidades da Guarda. Mas é o próprio autor do documento que avisa os agente locais, da importância de discutir com o governo a implementação de medidas ajustadas a cada região.
Daí a reafirmação da importância para a Guarda das Aldeias Históricas, cujo potencial de desenvolvimento regional não tem sido suficientemente alavancado. Embora a dinâmica tenha sido incrementada, especialmente com o envolvimento do Dr. Júlio Sarmento, que tem planeado para Trancoso um conjunto verdadeiramente notável de intervenções, revelando entender a valia das Aldeias Históricas, o desenvolvimento e promoção desta rede tem que ser convictamente apoiada pela administração central. E a Guarda deve entender a importância de se posicionar como centro da rede.
A todos os leitores d’O Interior formulo votos de Festas Felizes!
Por: Rui Quinaz