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Comunidade da Serra da Estrela

Editorial

Nota prévia: sou um regionalista convicto. E acredito que a regionalização teria contribuído decisivamente para o desenvolvimento regional, para a coesão territorial e para a correção das assimetrias ancestrais, que, infelizmente, continuam a acentuar-se em Portugal – foi perdida essa oportunidade, mas ainda é possível recuperar algum atraso e definir uma estratégia conjunta para desenvolver a região. Resta-nos esperar que as comunidades intermunicipais tenham capacidade (politica), meios e estratégia para fazerem o que ainda não foi feito. Neste sentido, esperemos que a CIMBSE se afirme – o que ainda não sucedeu (aliás, a sua falta de protagonismo e de presença junto do cidadão levam a que haja um completo desconhecimento sobre a sua existência, a sua função ou o seu funcionamento).

Segunda nota: acredito que as lideranças são determinantes para a promoção do desenvolvimento das comunidades; quando há uma liderança superior ou mais capaz (ou habilitada) é possível, muito para além do contexto e das circunstâncias, promover a metamorfose necessária à implementação de políticas corretivas e promover de forma sustentável o desenvolvimento das regiões. O erro de há quatro anos (dividir o mandato) não pode ser repetido e a escolha do presidente tem de ser não apenas pelas suas competências políticas (em última instância, igual entre todos os 15 autarcas), mas também pela sua destreza, carisma, capacidade de intervenção e facilidade de acesso aos “corredores” do poder central. Neste contexto, Álvaro Amaro deve ser o senhor que se segue. A CIM precisa da sua experiência e do seu conhecimento.

E uma terceira nota: revejo-me na Comunidade das Beiras e Serra da Estrela (e até estou entre os que há muito defendem que a designação seja de comunidade da Serra da Estrela – pode não parecer inclusiva para os que fisicamente e culturalmente têm menos a ver com a maior serra portuguesa, mas é uma âncora integradora e geradora de interesses comuns em que todos têm a ganhar). E, genericamente coincide com a mais antiga organização territorial portuguesa, a da Diocese da Guarda. Porém, e porque sobre a CIMBSE está sempre a guilhotina dos autarcas da Cova da Beira (Belmonte, Covilhã e Fundão) com a ameaça de que podem abandonar a comunidade para se juntarem, a sul, à CIM Beira Baixa, é preciso ser categórico e decidir definitivamente… O distrito da Guarda era uma unidade que devia ter sido mantida e promovida; a Beira Alta que, no século XIX, uniu os distritos de Viseu e Guarda não devia ter caído ainda que implicasse a subalternização da Guarda.

E mais uma nota: A sede é, naturalmente, na Guarda – centro da comunidade e capital histórica da região.

Tal como há quatro anos, em que a CIMBSE foi a última a formalizar a sua estrutura orgânica, inventando uma solução consensual para dar protagonismo (bacoco) de dois anos de presidência para o autarca da Covilhã e dois para o do Fundão (um desastre), enquanto se dirimiam argumentos partidariamente para a nomeação dos secretários (um para o PSD e o outro para o PS) – em nenhum momento a competência ou mérito estiveram antes das escolhas partidárias…

Quatro anos depois, e com a CIM reduzida a um “entreposto” de “gestão” de candidaturas, volta a haver indecisões como se o tempo não tivesse passado e nada se tivesse aprendido ao longo do tempo.

Luis Baptista-Martins

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