A grande notícia da semana, em termos científicos, é a confirmação da validade a Teoria do Big Bang. O estudo agora apresentado confirmou a deteção directa de “ondas gravitacionais primordiais” mostrando, deste modo, que, quando o Universo tinha apenas um décimo de bilionésimo de bilionésimo de bilionésimo de segundo de vida, sofreu uma brutal expansão. Mas o que é, na realidade, esta Teoria do Big Bang?
O Big Bang é uma das mais bem-sucedidas teorias astronómicas. Desde que foi concebida, em 1930, resistiu a todos os testes a que foi sujeita. A primeira indicação importante a seu favor foi a descoberta da radiação de microondas de fundo. Esta fora prevista pela teoria, mas a sua descoberta acabou por resultar de um mero acaso. Em 1965, dois cientistas da área das comunicações descobriram um estranho ruído na região de microondas do espetro de rádio que parecia ser emitida pelo céu em todas as direções. Apesar dos seus esforços para o eliminar, ele persistiu, até que perceberam que haviam descoberto a radiação de fundo. Tratam-se de vestígios da radiação que invadiu o universo quando este tinha apenas 300 mil anos.
O estudo agora publicado vem validar a ideia da “inflação” do universo, expressão, inicialmente proposta por Alan Guth em 1980, na qual assentam as bases da Teoria do Big Bang. Com este trabalho foi possível “ver” diretamente, pela primeira vez, ondas gravitacionais que, quase para além da dúvida, são “ecos” dessa inflação inicial do universo. Por mais difícil que seja imaginá-lo, houve um tempo, há 13,9 mil milhões de anos, em que o universo existiu como um simples ponto. Tudo aquilo em que mais tarde viria a transformar-se – espaço, tempo, matéria e energia – estava comprimido num ponto infinitamente quente e denso.
Subitamente, esta semente inicial expandiu-se. Com a idade de 10-35 segundos, as dimensões do universo aumentaram, passando de uma partícula muito mais pequena que uma partícula subatómica, para um objeto com as dimensões aproximadas de uma laranja. Este período de expansão muito rápido designa-se por inflação. A expansão continuou depois da inflação, embora menos rapidamente. Durante três minutos, o universo arrefeceu, cozinhando as partículas subatómicas num caldo de elevadíssimos temperaturas.
O universo jovem consistia quase inteiramente num banho quente de hidrogénio e de hélio. A luz, em pacotes chamados protões, já podia circular livremente, e o universo tornou-se transparente. Aos poucos, a matéria foi condensando e formando vastas estruturas gasosas que um milhão de anos mais tarde se tornariam nas primeiras estrelas e galáxias. À medida que as estrelas se iam formando e explodindo, os elementos que tinham criado nos seus núcleos iam-se espalhando pelo espaço. A nossa Via Láctea formou-se milhares de anos depois do Big Bang, e o sistema solar ainda alguns milhares de anos mais tarde, há cerca de 4,6 mil milhões de anos. Tanto, quanto percebemos, continua a acelerar, não mostrando sinais de querer parar…
Por: António Costa