Como se o sol nascesse num dia de verão. Como se a Lua brilhasse numa noite quente, contrastando com outra de chuva e vento. Como se todas as plantas libertassem de si o leve pólen de sabor a primavera. Como se todas as nuvens me relembrassem o suave sabor de algodão doce. Como se todas as rugas parecessem atenuadas. Como se o desfeito parecesse perfeito. Como se o imperfeito parecesse irresistível. Como se todos os reflexos fossem como luz independente de corpos quentes e vontade própria. Como se todos os “não´s” fossem “sim´s”. Como se o preto se tornasse carmim, e rosa-choque aos meus olhos. Como se todas as folhas caídas voassem para trás e percorressem o meu corpo com o mesmo carinho e delicadeza. Como se os olhares cruzados, fortes, maliciosamente proibidos, derretessem o gelo inquebrável que se formou. Como se todas as palavras, minuciosamente pronunciadas, parecessem verdades absolutas, despidas de rodeios e de vontades. Como se o toque superficial e o aroma que sinto de novo me transportassem para o passado, fazendo fluir, tremulamente, um sorriso inquieto, indeciso e tentador.
Sonho repentino! Sonho de mente desprevenida e ingénua! Sonho, leve sonho!
Que rompam pelas aberturas da persiana os mais energéticos raios de sol, portadores de toda a verdade e conhecimento. Felicidade!
Inês Corveira nº13-11ºC