1 – Impressão sobre os últimos dias que me apeteceu registar numa crónica. Aquela desgraça Filipina que faz recordar outras, da América Latina, onde estas tragédias pontificam. E os homens desprevenidos lá morrem de um caudal espesso, que podiam prever, mas não sabem ou não ligam. Vivem nos locais onde a água ciclicamente os mata, mas lá ficam e retomam suas vidas alheios ao amanhã. E aqui o amanhã é o hoje repetido em lama e morte… absurdo mas real.
2 – A morte da Sá Carneiro que já aborrece nas suas conturbadas peripécias de inquéritos. Há algo de luto patológico num país que não deixa morrer os ocupantes daquele avião. Descansem em paz.
O risível, o quase anedótico é encontrar políticos responsáveis a regatear como crianças sobre um atropelo legal. – Julguem-se os culpados de um crime que prescreveu –dizem. Fosse a morte de tia Maria, ou a da Cidália Romeiro aparecida vítima de sacholadas e ninguém levantava o despautério. Mas agora até Marcelo concorda com Marques Mendes e nós impávidos ouvimos a toleima e opinamos disto. Mudar a lei para não haver prescrições seria diabólico, fazer uma lei para a excepção é absurdo e vai daí a oposição por vez de política anda na necrologia.
3 – Há também este estrondoso gato fedorento que vem mudar o panorama do humor em Portugal. Andam várias tentativas no ar feitas por gente nova, mas este quarteto é quem realmente nos inquieta. Parece-me que há inovação e uma irreverência que ultrapassa o previsto. Ao Domingo temos esta surpresa na TV.
4 – O novo James Bond é simplesmente excelente num argumento fraco. Hoje os “doble o seven” concorrem com Jason Braun, com a série 24 horas, com a Missão Impossível e ainda com outros filmes de acção cheios de efeitos especiais. Já não é fácil inovar e por essa razão este Bond é muito do actor, tendo um argumento que começa bem mas derrapa no meio e não mais se encontra.
Por: Diogo Cabrita