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«Inesperada» foi como João Bigotte Chorão catalogou a homenagem que recebeu na Guarda. Mas é uma homenagem que faz sentido.

Depois de Jesué Pinharanda Gomes, a Câmara da Guarda dá, assim, dimensão ao ciclo sobre a vida e obra de autores guardenses. É importante que tal aconteça, não apenas para impedir o esquecimento em relação a alguns, mas também para permitir uma aproximação com respeito àqueles que, pelos mais diversos motivos, se distanciaram da região. É também uma forma de contactarmos com personalidades de vulto, filhos da nossa terra, e que por vezes nem conhecemos. E é ainda uma possibilidade, extraordinariamente importante, de adquirirmos curiosidade sobre a obra de conterrâneos fugidios.

Aplaude-se a iniciativa na expectativa de uma aproximação a outros, quiçá muitos, cujo «destino errante e de errância», como escreveu Eduardo Lourenço, não passa pelas nossas terras, mas que aqui nasceram para o mundo. Porque a naturalidade deixa em cada um de nós as suas marcas, os autores que nasceram nesta região mantêm esse cordão que nem a distância ou o tempo podem cortar. Curiosamente João Bigotte Chorão pouco escreveu sobre a Guarda. A sua origem não é marcante na sua obra e, talvez por isso, a sua surpresa pela homenagem. Convém referir que este autor e distinto crítico literário se encontra muito distante da Guarda e que raramente visita a cidade.

Como curiosidade referir que o único filho de João Bigotte Chorão, Pedro Mexia, também ele crítico literário e autor, e pessoa sem qualquer vínculo à Guarda, foi um dos convidados de “O Interior” durante a Festa do Livro, em finais de Julho passado. Mexia é colunista semanal do “Diário de Notícias” e do semanário “O Independente”, entre outras publicações. Brevemente vai também iniciar colaboração com o jornal “O Interior”, nomeadamente na próxima edição do suplemento “O Íntimo».

Luís Baptista-Martins

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